Arthur Nordin

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Em março de 2017 foi lançado aos cinemas o terceiro longa-metragem retratando a história do personagem dos quadrinhos Wolverine, ou melhor dizendo, Logan. Seis meses após o lançamento do filme, não faria muito sentido fazer uma crítica do mesmo. Por isso, decidi criar um texto detalhando a filosofia de Logan.

Um personagem quebrado

Logan01Ao fazer o desenvolvimento de um personagem, é sempre necessário pensar nas perdas que ele sofrerá. Os erros que ele causa ou as dores que ele sofre são os fatores que farão ele amadurecer e conseguir derrotar o problema já apresentado a ele anteriormente na história. A maioria das histórias heroicas de atualmente possuem “o decair”, mas muitas o fazem de maneira fraca e desinteressante, apenas para fazer com que o personagem derrote logo o vilão. Eu poderia citar vários exemplos, desde a escalada do poço em “Batman: o cavaleiro das trevas ressurge” até a cena da lixeira, na sexta temporada de “The Walking Dead”.

Qualidade costuma vir junto com paciência, e por muitos filmes, incríveis até horríveis, vimos este personagem de certa forma, amadurecer, principalmente pela liberdade total do diretor e da RESTRIÇÃO DE IDADE. Ela fez com que Logan conseguisse transmitir sua dor existencial apenas por seu linguajar, sua violência e a selvageria de Wolverine que nunca vimos antes no cinema. Um personagem sem vontade de viver em um mundo caído. Basicamente, o filme inteiro é a dificuldade que o herói precisa atravessar, como foi falado anteriormente. A única diferença é que nunca temos o sentimento de que o herói está seguro e que tudo irá dar certo no final, pois além de tudo, é muito claro que não estamos vendo um filme de super-herói. Estamos vendo um filme de despedida de um personagem há muito tempo quebrado.

Família, além de tudo

Logan02Tirando Logan, no filme temos dois personagens muito importantes para a história apresentada do longa: Charles Xavier e Laura. Ao longo da trama é possível perceber que a relação dos três é como a de uma família disfuncional de mutantes fugindo para sobreviver. E falando em mutantes, o papel de Charles Xavier dado à Patrick Stewart neste filme é sensacional, fazendo até o público ter pena do personagem. O mundo não é mais o mesmo, nem os personagens que tanto amamos e conhecemos. A figura de um homem calculista, sábio, e também líder acabou se transformando na de um senhor morrendo aos poucos, precisando de ajuda (ao invés de dar ajuda quando necessário, como nos outros filmes da saga), e infelizmente, em uma condição e situação patética de vida. O que acontece se o homem com a mente mais poderosa do mundo, com as habilidades de telecinese e telepatia, possui o mal de Alzheimer?

Logan03Além de Charles, no filme também temos Laura, uma mutante criada por laboratório ou uma aberração, por assim dizer. Criada a partir do DNA de Logan, Laura foi tratada por toda a sua vida praticamente como uma besta, um animal, e foi ensinada a agir como o mesmo. Em termos de desenvolvimento de personagem, Laura é uma garota que por dentro GRITA por ajuda, mas tenta agir como uma adulta e resolver as coisas sozinha. Ao final do filme, ao olhar seu “pai” morrer lentamente, Laura se livrou daquela “casca”. Ela se soltou, e pela primeira vez no filme, vimos nitidamente que ela foi HUMANA. A única pessoa viva em que ela confiava, a não ser seus amigos, morreu na sua frente, e como qualquer criança de oito anos, ou como qualquer pessoa, ela chorou.

O medo do diferente

Desde o primeiro filme da franquia, vimos que o protesto contra mutantes era uma clara alusão a temas como sexualidade e etnias, na vida real. Logan apresenta uma realidade em que estas discussões se tornaram maiores ainda, e que estas pessoas (de novo, com etnias e sexualidade fora da forma padrão impostas pela sociedade) estão sendo caçadas e mortas. Previsão ou não, o filme mostra que as diferenças não tornam certas pessoas melhores que outras, e que todos devemos ser tratados da mesma forma.

Nota Final

Para terminar esta análise, gostaria de acrescentar que Logan é uma obra-prima do cinema moderno. Ele consegue transmitir diversos sentimentos no público que participa desta jornada, e, no futuro, comentarão sobre ele do mesmo modo que comentam sobre “Superman: o filme” nos dias de hoje: UM MARCO REVOLUCIONÁRIO NA HISTÓRIA DO CINEMA.

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