As verdadeiras histórias por trás de American Horror Story

Rafaela Tavares

As aparições de personagens reais ou inspirados em situações verídicas em “American Horror Story” são tão frequentes quanto as referências a clássicos cinematográficos do terror. Por mais absurdos que alguns casos possam aparecer, eles não são simples frutos da mente de Ryan Murphy e Brad Falchuk, são influenciados pela realidade. E vamos confessar que se deparar com crimes macabros e verdadeiros é o que torna as tramas mais palpáveis e medonhas. Então, senhoras e senhores, apertem os cintos: vamos começar a nossa própria tour do terror real. Alerta de spoilers.

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Thaddeus (inspiração: O bebê de Lindbergh)

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A tragédia do bebê dos Montgomery, Thaddeus espelha um caso emblemático da história dos crimes norte-americanos, o sequestro e morte do filho de outro Charles, o aviador Charles Lindbergh. Em 1932, o bebê real levado da casa da família e dois meses mais tarde, encontrado morto, com uma fratura no crânio. O caso gerou grande comoção e Richard Hauptmann foi acusado pelo crime, sendo executado na cadeira elétrica em 1936.

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Assassinato de enfermeiras (Inspiração: Richard Speck)

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Em 1966, Richard Speck invadiu uma casa que abrigava estudantes de enfermaria. Ele fez oito vítimas. As mulheres eram presas, mortas a facadas ou estranguladas, e estupradas. A história soa familiar? Sim, o caso serviu como inspiração para a morte de duas enfermeiras que moravam em uma república dos anos 1960, na mansão da primeira temporada.

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Tate (Inspiração: Massacre de Columbine)

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Doze estudantes e um professor. Essas foram as vítimas fatais de Eric Harris e Dylan Klebold. Os adolescentes entraram na Columbine High School em 20 de abril de 1999 com armas e roupas pretas quando iniciaram o ataque. Ainda que Tate Langdon (Evan Peters) tenha executado seus colegas sem um cúmplice, seu massacre foi inspirado na tragédia real. Inclusive, ele chegou a perguntar a uma de suas vítimas se ela acreditava em Deus antes de atirar, como Harris fez com Cassie Bernall antes de matá-la. A dupla real se matou após os assassinatos, assim como Tate induziu a própria morte.

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A Dália Negra

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Los Angeles é vista como a cidade dos sonhos. Desde o início do século 20, era o destino preferido de aspirantes ao estrelato. Uma delas foi Elizabeth Short, que no período em que tentou iniciar a carreira em Hollywood foi assassinada. Em 1947 seu corpo foi encontrado em um terreno mutilado, cortado no meio. O rosto bonito da jovem de 22 anos recebeu um corte na área da boca, dando-lhe um sorriso macabro. Apelidada postumamente de “Dália Negra” pelos jornais, Elizabeth também fez uma aparição na primeira temporada, interpretada por Mena Suvari. Enquanto na realidade o seu assassino nunca foi encontrado, Murphy escreveu sua própria versão para o crime, envolvendo moradores vivos e mortos da mansão.

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Alma e Kit (Inspiração: O Caso Hill)

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A experiência de abdução de Alma (Britne Oldford) e Kit Walker (Evan Peters) tem um paralelo real: o Caso Hill. O casal Barney e Betty moravam em Portsmouth em 1961. Na noite de 19 de setembro de 1961, os dois alegaram ter tido contatos com alienígenas. Além disso, assim como Alma e Kit, os dois formavam um casal interracial em plena década de 1960, quando os negros ainda realizavam suas lutas pelos direitos civis nos EUA.

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Lana Winters (Inspiração: pacientes homossexuais em hospícios/Nellie Bly)

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A internação por homossexualidade da jornalista Lana Winters (Sarah Paulson) resultou em reportagem e livro expondo horrores vividos pelos pacientes de Briarcliff. E nenhum dos fatos é inteiramente fictício. Pode parecer absurdo ler isso no século 21, período posterior a revolução sexual e época em que se discute os direitos da comunidade LGBT, mas gays e lésbicas eram tratados como doentes mentais em hospícios em outras décadas. A terapia revoltante de conversão a que Lana é submetida não se distancia ao que foi vivido por alguns desses “pacientes”. Além disso, a história de uma jornalista divulgar tratamento a internos é baseada em um caso real. A famosa Nellie Bly não conheceu o interior de um hospício sob a aleação de ser homossexual como Lana. Não, ela fingiu sofrer de distúrbios mentais e foi internada em um asilo para mulheres na Ilha de Blackwell. As experiências e observações foram posteriormente relatadas em reportagem sobre as crueldades cometida contra as pacientes, o que tornou Nellie uma das pioneiras do jornalismo investigativo. E as situações narradas por ela eram dignas de terror no cinema. Seus artigos publicados para o jornal New York World foram compilados no livro “Ten Days in a Mad-House”, que circulou em 1887.

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Bloody Face (Inspiração: Ed Gein)

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Não é novidade que Ed Gein inspire a ficção. Famoso serial killer e ladrão de cadáveres norte americano, ele e suas peculiaridades deram origem a Norman Bates, de “Psicose“, ao Leatherface, de “O Massacre da Serra Elétrica“, e ao assassino Buffalo Bill, de “O Silêncio dos Inocentes“. Quais as peculiaridades? Ed Gein tinha uma relação de obsessão por sua mãe, como Bates, confeccionava roupas e objeto de coração com a pele de suas vítimas e corpos roubados de cemitérios. Os problemas psicológicos relacionados à mãe e seu gosto por decoração macabra serviram como inspiração também para o nosso Bloody Face, Oliver Thredson (Zachary Quinto).

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Anne Frank

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A mulher que surge em Briafcliff alegando ser a vítima do holocausto Anne Frank não era uma sobrevivente da Segunda Guerra Mundial, no final das contas. Mas a personagem interpretada pela atriz Franka Potente teve inspiração na na judia alemã, famosa pelo relato deixado em um diário. Os textos são bastante sensíveis e tocantes, porém o final de Anne foi um exemplo de horror real. Ela e sua família viveram dois anos escondidos, até serem traídos e levados aos campos de concentração. Infelizmente, Anne morreu aos 15 anos em 1945. Seus escritos foram guardados e publicados por seu pai, Otto Frank, o único familiar vivo após o holocausto.

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Grace (Inspiração: Lizzie Borden)

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Grace Bertrand (Lizzie Brocheré) escondia uma trágica história de origem. Ela havia massacrado a própria família munida de um machado. Sua inspiração real coincidentemente tem o mesmo primeiro nome de sua intérprete. Lizzie Borden foi acusada de ter matado seu pai e sua madrasta a machadadas, em 1892. Posteriormente, ela foi inocentada em julgamento, mas historicamente permanece como a principal suspeita.

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Arden (Inspiração: Josef Mengele)

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Arthur Arden (James Cromwell) não era quem dizia ser. O verdadeiro nome do médico era Hans Gruper. Seu histórico incluía ações como oficial nazista, experimentos em humanos e – iríamos descobrir duas temporadas mais tarde, mutilação de mulheres. Apesar de parecer uma biografia chocante e fictícia, a subtrama de Arden tem precedentes históricos, como médicos nazistas que usavam seres humanos como cobaias. O mais famoso deles foi Josef Mengele, que usou seu “trabalho” no campo de concentração de Auschwitz para fazer experiências com prisioneiros, o que incluía crianças.

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Marie Delphine Lalaurie

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Marie Delphine LaLaurie parecia ser apenas uma socialite de Nova Orleãs. Apesar da fachada respeitável, ela torturava e matava seus escravos. Relatos verídicos ou exagerados contam que ela gostava de arrancar olhos, costurar olhos, arrancar intestinos para transformá-los em cintos para suas vítimas. Houve quem dissesse que ela havia mutilado uma de sua vítima até transformá-la em uma espécie de lagarta, e quebrado os membros de outra para torná-la parecida com um caranguejo. Quando as torturas ganharam publicidade, uma multidão atacou a casa de Lalaurie. Não é à toa que as cenas da personagem (Kathy Bates) em “Coven” foram algumas mais das terríveis do seriado.

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Marie Laveau

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Lalaurie e Marie Laveau foram contemporâneas, embora não haja relatos de rivalidade entre as duas. O fato é que a personagem de Angela Bassett também é baseada em uma pessoa existente. Laveau foi uma famosa praticante da religião vodu de Nova Orleans. Não há grande documentação sobre suas atividades ligadas ao ocultismo, paralelas ao trabalho como cabeleireira. Apesar disso, as histórias folclóricas sobre Marie Laveau são tão fortes que pessoas afirmaram tê-la visto após sua morte em 1981. Essas supostas aparições sobrenaturais lhe garantem uma menção na nossa lista.

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Axeman de Nova Orleans

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Ter um serial killer é praticamente uma tradição de “American Horror Story”. Em Coven, o representante da categoria é o famoso Assassino do Machado (Danny Huston) de Nova Orleans. Entre 1912 e 1919, ele deixou um rastro de sangue de seis a sete vítimas, todas mortas a machadadas. Ele teria deixado uma carta afirmando que pouparia aqueles que tocassem jazz em suas casas. O verdadeiro “Axeman” jamais foi identificado.

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Jimmy Darling (Inspiração: Grady Stiles)

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A ectrodactilia de Jimmy Darling lhe garantia o apelido de “Menino lagosta”, assim como ocorreu a um artista real de circos dos horrores: Grady Stiles. Assim como o personagem de Evan Peters em “Freak Show”, Stiles é parte de uma longa arvore genealógica de pessoas com ectrodactilia. Da mesma forma, ambos desenvolveram alcoolismo e tendência a violência. Stiles é conhecido por bater em sua família e por ter matado o noivo de sua filha. Ao contrário de Jimmy, que alcançou uma forma de redenção e um final feliz, o verdadeiro Menino Lagosta teve um final trágico. Cansados de abusos físicos, sua esposa e seu enteado contrataram um homem para matá-lo.

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Twisty (Inspiração: John Wayne Gacy)

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Twisty (John Carroll Lynch) era um pesadelo para as muitas pessoas com fobia de palhaços. Não seria necessário nem vislumbrar sua boca deformada e apodrecida. Algumas pessoas simplesmente não conseguem lidar com as roupas coloridas e maquiagem da figura circense e pessoas reais como John Wayne Gacy apenas contribuem para esse medo. O serial killer norte-americano matou pelo menos 29 garotos com esse figurino e pintura facial. Querido pelas crianças da cidade de Illinois, ele foi apelidado de “Palhaço Assassino” quando corpos foram encontrados em seu porão. Gacy foi morto em 1994, executado por injeção letal. (Spoiler: Ryan Murphy deve gostar da história desse assassino, já que Gacy está previsto para aparecer ainda no episódio de Halloween de “Hotel).

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Aileen Wuornos (Bônus spoiler)

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Aileen Wuornos é mais conhecida fora dos Estados Unidos como a protagonista do filme “Monster“, no qual é encarnada pela atriz Charlize Theron (papel que lhe rendeu um Oscar). Porém, a serial killer é real, com um histórico de assassinatos de homens entre 1989 e 1990. Aileen alegou que suas vítimas haviam a estuprado ou tentado quando ela trabalhava como prostitutas. Apesar de declarar auto-defesa, ela vou condenada a morte e executada em 2002. Lily Rabe irá interpretá-la em dois episódios de “Hotel”.

Fonte: American Horror Story Brasil

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