Nei Nordin
Publicado em 12 de maio de 2015
No início do século XX Porto Alegre era uma cidade provinciana (como se ainda não fosse). Setenta mil almas habitavam uma capital prestes a conhecer uma das grandes novidades tecnológicas do novo século.
O empresário Januário Grecco, industrial e proprietário do cine Apolo adquiriu, em 1906, um automóvel da marca De Dion Bouton, de construção francesa. A iluminação era a querosene e o combustível era álcool. O motor era de 8-10 Hp. O custo foi cinco contos de réis e o prefeito Jose Montaury isentou a compra de impostos por ser o primeiro da cidade. A compra foi noticiada em abril daquele ano no jornal Correio do Povo.
Adquirido por contatos comerciais através da Argentina, assim que o veículo foi encaminhado para ser liberado na alfândega, constatou-se que não havia ninguém com conhecimentos técnicos para ligá-lo ou conduzi-lo. A ajuda veio do italiano Marini Constanti, detento na Casa de Correção que ficava nas imediações da atual usina do gasômetro. Uma vez que não teve permissão para sair, o carro teve de ser empurrado até lá onde deram-se as orientações. Constanti havia trabalhado com mecânica e operação de veículos na Itália. Posteriormente o detento ganharia autorização para sair e trabalhar como motorista da família Grecco.
Em Porto Alegre, o código de veículos de 1893 não previa o transporte motorizado. Somente em 1913 a lei foi regulamentada para contemplar os 188 automóveis registrados então. A partir daquele ano tornou-se obrigatório o uso de lanternas à noite e de buzinas a cada esquina. A velocidade máxima permitida era de 6 km/h no centro, 10 km/h nos bairros e 15 km/h fora da cidade.
Em 25/05/1906 o presidente da província, Borges de Medeiros usou o carro para fazer o passeio inaugural da rua “Caminho Novo”, atual Volutários da Pátria. Nos dias seguintes o político faria ainda campanha política com o automóvel em Viamão e Gravataí.
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