Postado em abril de 2015
Não se pode determinar ao certo a época em que os ninjas surgiram. Uma das teorias é que tenha sido em torno do século XIV.
Com o tempo eles foram se organizando em clãs, exercendo atividades de mercenários e espiões. Era através destes clãs que o conhecimento era propagado. No período da unificação sob o xogunato Tokugawa os ninjas caíram no esquecimento. No século XVII proliferaram manuais de filosofias militares que abordavam técnicas de espionagem que se diziam pertencentes ao conhecimento ninja, mas que agregavam uma variedade de crenças e ensinamentos.O fato de serem sociedades secretas fomentaram a imaginação e estimularam toda uma mitologia em torno da figura do ninja. Primeiro no Japão e depois no resto do mundo até invadir a cultura ocidental. O cinema fez sua parte com uma longa lista de produções de artes marciais com a temática ninja.
Certamente que os ninjas, assim como os samurais, não sobreviveram à modernidade, embora suas técnicas e ensinamentos tenham se preservado de alguma forma em alguns mestres antigos. É o caso do japonês Jinichi Kawakami, atualmente com 66 anos, que foi reconhecido pelo museu Iga-ryu como o último conhecedor da centenária arte do ninjitsu.
Kawakami começou a ser treinado aos seis anos de idade e não sabia qual a finalidade de seu treinamento. Chegou a pensar que estava sendo preparado para ser um ladrão. Somente aos dez anos descobriu que seria um ninja. Seu mestre, Masazo Ishida, o submeteu a um duro treinamento que incluía privações em condições extremas de frio, calor, dor e fome. Foi treinado para aguçar sua audição até que pudesse ouvir o som de uma agulha caindo no chão de madeira. Fitava uma vela acesa até que tivesse a sensação de estar dentro da chama. Subia paredes, pulava grandes alturas e também adquiria conhecimentos sobre química e psicologia.
Quando completou dezenove anos, herdou o título de seu mestre, juntamente com todas as armas e pergaminhos. Ele não reivindica para si o título, pois quer evitar conflitos com outros pretendentes. Seu clã, Ban, já existe há mais de quinhentos anos. Contudo Jinichi Kawakami diz que quando morrer a arte ninjitsu vai morrer com ele. Ele acredita que a técnica não se aplica mais aos tempos modernos e está fadada a extinguir-se.
Ele afirma que ser um ninja esta muito mais relacionado com os estratagemas de surpreender o inimigo do que propriamente com as técnicas de combate e que o cinema deturpou completamente a imagem e o significado do ninjitsu.
“Os seres humanos não podem estar em alerta o tempo todo. Há sempre um momento em que eles estão com a guarda baixa e você tem que saber pegá-lo.”
O verdadeiro ninja sabe explorar as fraquezas do oponente. Ele está preparado para utilizar táticas de distração e fuga rápida. Os ensinamentos do ninjitsu nunca foram registrados e sempre foram transmitidos oralmente seguindo as antigas tradições, o que torna difícil saber até que ponto foram alterados com o passar dos séculos.
O mestre ninja leva uma vida comum, tem um emprego comum e não pretende assumir nenhum aprendiz para transmitir sua arte.
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