007 entre a Guerra e a Paz

O contexto da Guerra Fria nos filmes do agente secreto

Leandro Vilar

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Em 2012 a série 007 completou 50 anos de história nos cinemas com o lançamento do primeiro filme, 007: Contra o Satânico Dr. No (Dr. No) em 1962. Agora, em 2013 a franquia volta a celebrar 60 anos do lançamento do primeiro livro da série, Cassino Royale (Casino Royale) em 1953. Nestas cinco décadas de cinema e seis décadas de literatura, o famoso agente britânico com licença para matar, James Bond, codinome 007, se tornou um ícone do cinema e da cultura pop. O último filme da série, 007: Operação Skyfall (Skyfall) faturou mais de um 1 bilhão de dólares em bilheteria mundial. Se tornando o filme mais rentável de toda a série e mostrando que mesmo passado-se 50 anos, a franquia soube se renovar com o tempo e ainda continuar a agradar o público.

No entanto, a meta deste texto é falar da influência da Guerra Fria (1945-1991) sobre a trama dos filmes, já que dos 23 filmes oficiais, 16 foram filmados e lançados neste período. Assim, pretendo abarcar a trama destes 16 filmes ao longo de três décadas: anos 60, anos 70 e anos 80. Eventualmente também farei menções aos filmes da década de 90 e do século XXI.

AVISO: O texto a seguir possui vários spoilers importantes sobre a história dos livros e filmes.

O autor

Poucas pessoas sabem que James Bond é um personagem literário, pois os filmes são bem mais conhecidos do que os próprios livros, embora dezenas de livros foram escritos nas últimas cinco décadas, e mesmo vendendo milhões de cópias pelo mundo, a obra é mais conhecida na Europa e nos Estados Unidos.

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Ian Fleming, criador de James Bond.

O autor original (outros escritores escreveram sobre o personagem) de James Bond fora o britânico Ian Lancaster Fleming (1908-1964). Membro de uma família rica, estudou em algumas das melhores escolas da Inglaterra e até chegou a estudar brevemente nas Universidades de Munique e Genebra. Exerceu vários ofícios, mas é principalmente lembrado por ter sido jornalista, escritor e oficial da Inteligência Naval do Reino Unido, fato que o influenciou a escrever os livros de espionagem posteriormente.

Em 1931 entrou para o Jornal Reuters, onde dois anos depois foi enviado para Moscou, a fim de cobrir o julgamento de seis engenheiros da Companhia Metropolitan-Vickers. Na ocasião o jornal pediu que Fleming tentasse entrevistar Stálin, mas a entrevista não ocorreu. Retornando para a Inglaterra, abandonou o jornal e incentivado pela família, foi trabalhar no ramo das finanças, trabalhando de 1933 a 1939, onde mudara duas vezes de empresa, e ao mesmo tempo mostrou não ter vocação para a área financeira. Além disso, neste período Fleming tivera alguns casos amorosos, pois ficou conhecido por ser um galanteador, algo que ficou marcado em seu personagem.

Quando a guerra eclodiu em 1939, ele foi convidado pelo Contra-Almirante John Henry Godfrey, então Diretor da Inteligência Naval da Marinha Real Britânica, o chamou para ser seu assistente pessoal. Fleming foi designado tenente, e posteriormente foi condecorado comandante. Durante os anos da guerra atuou e coordenou algumas missões do departamento de inteligência britânico. Participou da Operação Mincemeat na qual o plano era fornecer documentos com informações falsas aos alemãs, os enganando acerca da invasão da Itália pelas forças dos Aliados.

Participou também da Operação Golden Eye na Espanha, que tinha como meta organizar bases de apoio no país, principalmente em Gibraltar. Atuou ao lado dos americanos entre 1941-1942, chegando a viajar para os Estados Unidos e trabalhar na OSS (Office of Strategic Services) precursora da CIA. Como coordenador, coordenou e chefiou duas missões de inteligência, a 30 Assault Unit em 1942 e a T-Force em 1944. Participou e cooperou em outras operações e missões.

Após a guerra, Fleming passou trabalhar para o Grupo Kemsley, o qual tinha relações com o jornal The Sunders Time, o qual ele supervisionou o jornal e atuou também escrevendo matérias e colunas. Fleming trabalhou no grupo e no jornal de 1945 até mais ou menos 1960. Mas foi durante as longas férias invernais de Ian, o qual ele passava em seu casarão na Jamaica batizado por ele de Golden Eye que em 1952, um tanto entediado e preocupado com o casamento como ele dissera, decidiu escrever um livro. Fleming se casou ainda naquele ano com Anne O’Neill, a qual havia sido sua amante de longa data, que por sua vez foi casada duas vezes, e embora fosse casada manteve-se amante de Fleming. Depois que ficou viúva do segundo marido, Fleming decidiu se casar com ela. Eles tiveram apenas um filho, Casper Fleming.

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Capa original de Cassino Royale, primeiro livro das histórias de James Bond. A capa foi desenhada pelo próprio autor.

Neste ano ele escreveu um livro de espionagem chamado Casino Royale. No ano seguinte, seu irmão e alguns amigos conseguiram incentivar a publicação da obra, embora os editores que foram procurados não acharam a história boa. Em 1953, o livro de bolso foi publicado pela Jonathan Cape, se tornando um sucesso.

Neste livro, Fleming narrava a história de um agente secreto britânico do MI6 (Military Intelligence, section 6), chamado James Bond. Um agente especial de classe 00, codinome 007. Bond foi descrito como um homem entre seus 33 e 40 anos, alto, branco, moreno, de olhos azuis, atlético, jogador, mulherengo, machista, sério, focado no trabalho, frio, sedutor, esperto, corajoso, que gostava de beber, fumar muito e com licença para matar, a Serviço Secreto de Sua Majestade.

Alguns aspectos da personalidade de Bond foram inspirados no próprio Fleming, como o gosto por bebidas, fumar, jogar, mulheres e viajar. Embora Fleming não tenha sido um espião propriamente, ele se personificou em seu personagem, além de ter baseado alguns aspectos do caráter do espião em pessoas que conheceu. O nome James Bond adveio do autor de um livro que ele lia na época: Birds of the West Indies (1936), um livro de ornitologia (estudo dos pássaros), escrito por James Bond.

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Retratação de James Bond segundo imaginado por Ian Fleming. A aparência do espião foi baseada na fisionomia do compositor, pianista, cantor e ator Hoagy Carmichael (1899-1981).

. A partir do bom êxito da crítica e do sucesso, Fleming decidiu nos anos seguintes dedicar-se a escrever mais histórias sobre Bond. Ao todo escreveu doze romances e dois contos. Sendo os últimos publicados postumamente. Os livros escritos por ele foram:

  • Casino Royale (1953)
  • Live and Let Die (1954)
  • Moonraker (1955)
  • Diamonds are Forever (1956)
  • From Russia with Love (1957)
  • Dr. No (1958)
  • Goldfinger (1959)
  • For Your Eyes Only (1960) – livro de contos
  • Thunderball (1961)
  • The Spy Who Loved Me (1962)
  • On Her Majesty’s Secret Service(1963)
  • You Only Live Twice (1964)
  • The Man with the Golden Gun (1965)
  • Octopussy and The Living Daylights (1966) – livro de contos

. Dos livros escritos por Fleming, For Your Eyes Only, Moonraker, The Spy Who Loved Me e Octoppusy and The Living Daylights não foram adaptados. Apenas os títulos foram conservados para nomear os filmes, além de alguns personagens. Além disso, alguns dos livros tiveram suas histórias significativamente bem modificadas como será visto ao longo do texto.

Em 1954, o seriado americano, Climax! em seu terceiro episódio, apresentou o ator Barry Nelson no papel de James Bond. O episódio era vagamente baseado no livro Cassino Royale. Contudo em 1962 o livro 007 contra o Satânico Dr. No (Dr. No) se tornava filme, dando início a série cinematográfica. Antes do livro ser adaptado ao cinema, alguns dos romances de Fleming já haviam sido adaptados em histórias em quadrinhos, publicadas em jornais americanos e ingleses, e até mesmo na revista Playboy.

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Personagens principais e Organizações

A fim de guiar um pouco os leitores que não são fãs ou pouco sabem sobre os livros e os filmes, escrevi esta breve seção para situá-los.

  • James Bond (007) – espião britânico a serviço do MI6.
  • M – Codinome do chefe do MI6.
  • Miss Moneypenny – Secretária de M.
  • Major Boothroyd (Q) – Chefe do Departamento de Tecnologia do MI6.
  • Felix Leiter – Espião americano da CIA, amigo de Bond.
  • Ernst Stavro Blofeld – Líder da SPECTRE. Maior inimigo de Bond.
  • General Gogol – Chefe da KGB. Aparece apenas nos filmes.
  • MI6 (Military Intelligence, Section 6) – nome não oficial do Serviço Secreto Britânico.
  • SMERSH (Smert Shpionam) – Agência ficcional russa de contra-espionagem.
  • SPECTRE (Special Executive for Counter-intelligence, Terrorism, Revenge and Extortion) – Organização terrorista.

. 007 nos anos 60

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Albert Broccoli, Sean Connery, Ian Fleming e Harry Saltzman.

Em 1960, O Satânico Dr. No se tornou uma história em quadrinhos, mas antes disso já havia gente interessada em adaptar os livros para o cinema, e um deles fora o italiano Albert R. Broccoli (1909-1996). Broccoli ao lado de Terence Young e Harry Saltzman, decidiram produzir um filme, e em 1962 era lançado no papel do agente secreto o ator escocês Sean Connery, que ganhou fama internacional pelo personagem. Albert Broccoli se dedicaria até o final da vida a produzir os filmes de 007, sendo que dos 23 filmes ele produziu 16.

Atualmente sua filha Barbara Broccoli e seu enteado Michael G. Wilson desde 1995 são produtores regulares da série. Broccoli e Saltzman eram sócios e fundadores do estúdio EON Productions, criado em 1961, o qual é responsável por produzir todos os filmes de 007.

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Poster de 007 contra o Satânico Dr. No (Dr. No) de 1962.

Durante os anos 60 foram produzidos seis filmes do agente secreto, sendo que Sean Connery atuou em cinco destes, e no outro o autor George Lazenby personificou o espião. No entanto, para entendermos alguns aspectos destes filmes, falarei brevemente de cada um, numa espécie de sinopse, então comentarei a relação com o contexto da Guerra Fria nesta época.

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Dr. Julius No (Joseph Wiseman)

Em 007 contra o Satânico Dr. No, o filme segue alguns aspectos diferentes do livro, pois nos livros a história se passa depois de Moscou contra 007 (From Russia, with love) o qual se tornou o segundo filme da série, havendo uma inversão na continuidade das histórias. No filme Bond é enviado a Jamaica para investigar a morte do agente John Strangways, o qual fora misteriosamente assassinado e sua secretária após avisar sobre a morte do mesmo, também fora morta. Na Jamaica, Bond conhece o espião americano Felix Leiter, o qual se tornaria amigo dele e um personagem recorrente em alguns livros e filmes. Em sua investigação ele descobre que alguns incidentes que ocorreram na região e parecem ameaçar a região do Cabo Canaveral na Flórida, local onde a NASA lança seus satélites e foguetes. Bond descobre que o responsável por isso é um estranho cientista chamado Dr. Julius No (Joseph Wiseman), o qual estava ligado a uma organização terrorista internacional chamada SPECTRE. No se tornou o primeiro grande vilão da série cinematográfica, pois o primeiro vilão que Bond enfrenta nos livros fora o espião Le Chiffre, membro da SMERSH (Smert Sphionam), uma ficcional agência espiã russa. Fora também na ilha Crab Key, onde ficava a base do Dr. No, que Bond conheceu a primeira bond girl, Honey Ryder (Ursula Andress).

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Ursula Andress como a bond girl Honey Ryder.

O filme também é marcante pois fora o primeiro a trazer como tema, a música James Bond Theme, composta por Monty Norman e executada por John Barry e sua orquestra. A música se tornou tão marcante, que em todos os filmes da série ela é tocada.

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Poster de Moscou Contra 007 (From Russia with Love) de 1963.

Em 1963 fora lançado o filme Moscou contra 007 (From Russia with Love). Originalmente a história do livro como fora dito passava-se antes de O Satânico Dr. No, mas para o cinema as histórias foram invertidas cronologicamente e o final fora alterado no filme. Na trama, Bond viaja a Turquia para recuperar um a decodificadora Lektor, e para isso ele deve conduzir em segurança a Inglaterra a embaixadora da URSS (União das Repúblicas Soviéticas Socialistas) Tatiana Romanova (Daniela Bianchi). Porém, Bond acaba descobrindo que tudo era uma armadilha da SPECTRE para matá-lo, vingar a morte do Dr. No e recuperar a decodificadora.

O filme é lembrado pelas cenas em Istambul, Veneza e por parte da trama passar-se dentro de um trem, e posteriormente a fuga de James e Tatiana em uma lancha pelo Mar Adriático. Além disso, existem algumas curiosidades singulares acerca de algumas das personagens da série. O personagem Major Boothroyd conhecido mais como Q (Desmond Llewelyn) aparece pela primeira vez no cinema.

No caso da SPECTRE, alguns de seus outros membros aparecem neste filme como a agente Rosa Klebb (Lotte Lenya) conhecida como Número 3 e o líder da SPECTRE, Ernst Stavro Blofeld, o Número 1 (nos livros ele é o Número 2, o 1 é um sósia). Blofeld é um personagem recorrente das histórias do espião e seu principal inimigo. Mais adiante voltarei a falar dele. Neste livro e filme, Rosa ficou conhecida pelo seu sapato com uma lâmina oculta envenenada, a qual usa para tentar matar Bond. Além disso, o filme fora o primeiro a ter uma música cantada. A música From Russia with Love fora composta por Lionel Bart e cantada por Matt Monro.

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Poster de 007 contra Goldfinger (Goldfinger) de 1964.

O terceiro filme 007 contra Goldfinger fora baseado no sétimo livro, Goldfinger. Na história, James Bond é enviado pelo M (chefe do MI6) para investigar um rico contrabandista de ouro chamado Auric Goldfinger (Gert Fröbe). O MI6 suspeita que Goldfinger esteja associado a SMERSH. Bond é dopado, e acorda no avião particular de Goldfinger, pilotado por Pussy Galore (Honor Blackman). Ela o leva até uma fazenda de seu patrão, onde Goldfinger tenta matar Bond, mas lá ele descobre que o plano de Goldfinger, chamado “Grand Slam”, era invadir a reserva de ouro dos Estados Unidos, guardada no Fort Knox em Kentucky. A ideia de Goldfinger era explodir uma bomba nuclear no forte, o destruindo e contaminando todo o ouro do país, assim a economia americana sofreria um duro golpe, o que levaria a um estado de profunda crise financeira, e ao mesmo tempo, as ações das empresas de Goldfinger e seu comércio ilegal de ouro, subiriam as alturas, devido ao aumento da procura por ouro e a raridade do produto.

O filme possui algumas curiosidades interessantes. A música tema deste filme fora composta por John Barry e intitulada Goldfinger, sendo cantada por Shirley Bassey. A música se tornou um sucesso na época e uma das canções mais conhecidas na história do cinema. Barry e Bassey voltariam a trabalharem juntos em outros filmes da série. Sendo os únicos a comporem e interpretarem mais de uma música-tema. Outra curiosidade é que neste filme aparece um dos icônicos capangas da série, o coreano Oddjob (Harold Sakata), com o seu chapéu coco com abas de aço, que é usado por ele como arma. Outro fato curioso sobre Oddjob é que ele não possui nenhuma fala em todo o filme.

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Oddjob e Goldfinger.

Uma cena que ficou famosa no cinema, fora a da atriz Shirley Eaton a qual interpretara Jill Masterson, uma companheira de Goldfinger a qual acaba tendo um caso com Bond e vem a ser morta, tendo seu corpo coberto de tinta dourada. Na ocasião, Eaton chegou até mesmo a fazer ensaios fotográficos pintada de dourado. Além disso, outro marco deste filme é a aparição do Aston Martin DB5, o qual se tornaria um clássico na história do cinema e uma referência da série, pois muitos dos carros que Bond usa nos filmes são Aston Martin. Recentemente em 007: Operação Skyfall o mesmo DB5 original do filme de Goldfinger, voltou a aparecer. Outra curiosidade é que o forte sotaque alemão de Fröbe, levou a produção optar por dublarem sua voz. E quando o filme fora dublado para o alemão, Fröbe tivera que dublar a si mesmo.

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Sean Connery posa diante do Aston Martin DB5 para uma foto nas gravações de 007 contra Goldfinger.
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Poster de 007 contra a Chantagem Atômica (Thunderball) de 1964.

Em 1965, quatro anos depois do lançamento do livro Thunderball, era lançado o filme 007 contra a Chantagem Atômica (Thunderball). Neste filme, Bond viaja por vários países, e dessa vez volta a confrontar a organização SPECTRE, a qual pretende soltar duas bombas atômicas, uma na Inglaterra e outra nos Estados Unidos, em caso de não forem pagos 100 milhões de libras em diamantes para a organização. Bond tem que correr contra o tempo para localizar o avião da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de onde as bombas foram roubadas por Avro Vulcan, agente da SPECTRE. No entanto, o principal vilão do filme é Emílio Largo (Adolfo Celi), o Número 2. O mesmo já havia aparecido em Moscou contra 007.

O filme marcou época, pois fora o primeiro que Bond passou a utilizar com mais frequência os equipamentos especiais produzidos por Q, que tornaram a série famosa. O jetpack se tornou popular depois de aparecer neste filme. Além disso, no filme, Bond usa um mini-respiradouro, enquanto tenta chegar na base de Largo. Neste filme, até então, Bond sofreu o maior número de tentativas contra a sua vida e também fora o que ele tivera mais casos amorosos com as bond girls, Domino Deval (Claudine Auger) e Patrícia Fearing (Molly Peters). A assassina Fiona Volpe (Luciana Palluzi), neste caso a personagem de Fiona é exclusiva do filme, pois no livro ela não existe, também teve um caso com o espião. Outro marco do filme, foram as cenas submersas, as quais levaram semanas para serem gravadas, e fora um dos primeiros filmes a trazer cenas do tipo e combate dentro da água.

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Arte conceitual de 007 contra a Chantagem Atômica (Thunderball). Destaque para as duas bond girls e o vilão Emílio Largo.

Outros dois fatos interessantes marcaram este filme. Primeiro, quando Fleming escrevia o livro em 1960, o produtor e cineasta irlandês Kevin McClory (1926-2006) alegara que o livro que Fleming escrevera continha argumentos propostos por ele para um eventual filme que ele escrevia. O livro fora publicado em 1961, no entanto, quando Broccoli e Saltzman pretenderam filmar o livro, McClory voltou a ameaçá-los com um processo contra plágio e barrar judicialmente a produção do filme, uma solução encontrada por Broccoli e Saltzman fora convidá-lo a atuar como produtor do filme. McClory aceitou, mesmo assim continuou a lutar na justiça para processar os herdeiros de Fleming, pois o mesmo já havia falecido na época que o filme fora lançado.

O segundo fato diz respeito que este filme recebera um remake, intitulado 007 Nunca Mais outra Vez (Never Say Never Again) lançado em 1983, estrelando no papel do espião, novamente Sean Connery. O filme não é oficial da série, pois fora produzido por McClory sem o consentimento de Broccoli, a EON Productions e a MGM (responsável pela distribuição dos filmes na época), além disso, o ator que interpretava James Bond nesta época era Roger Moore. Embora seja um remake, a história sofrera algumas mudanças, contendo mais ideias propostas por McClory do que visto no filme anterior e no livro de Fleming.

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Poster de Com 007 Só se Vive Duas Vezes (You Only Live Twice) de 1967.

Em 1967 fora lançado Com 007 Só se Vive Duas Vezes (You Only Live Twice). Baseado no livro homônimo, Bond dessa vez deve descobrir a verdade por trás do sequestro de um avião de guerra americano, o qual os Estados Unidos suspeitam que os soviéticos tenham sumido com este avião e ameaçam o seu programa espacial. Os americanos dirigem um ultimato aos russos, logo, ambas as nações entram em tenção, e o perigo de uma guerra estourar se torna crescente. No entanto, a MI6 acredita que os russos não eram os responsáveis pelo sumiço do avião o qual sumira em espaço aéreo japonês, assim, M envia Bond para Hong Kong onde ele finge a sua morte, então entra ilegalmente no Japão. Já em terras nipônicas, Bond é ajudado pelo Serviço Secreto Japonês, contando principalmente com o apoio direto da espiã Aki (Akiko Wakabayashi) e da espiã Kissy Suzuki (Mie Hama) além do chefe destas, Tiger Tanaka (Tetsuro Tamba) e outros espiões.

Bond descobre que o sumiço do avião americano estava ligado a uma empresa chamada Osato Chemicals, a qual possuía ligações com a SPECTRE. Neste caso o líder da SPECTRE, Ernst Blofeld pretendia iniciar uma Terceira Guerra Mundial, com tal incidente, levando os americanos e russos se atacarem. Algumas das cenas memoráveis do filme, são a base secreta no vulcão (no livro, a base ficava numa fortaleza a beira-mar) e o uso de um pequeno helicóptero pro Bond.

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Arte conceitual japonesa do filme Com 007 Só se Vive Duas Vezes.

Outro fato que marcara este filme que se tornou um grande sucesso da franquia, fora a aparição de Ernst Stavro Blofeld o líder da SPECTRE. Anteriormente, apenas parte de seu corpo aparecia e sua voz era ouvida, mas dessa vez o mesmo mostra o rosto, interpretado pelo ator Donald Pleasence (em Moscou contra 007 o personagem fora interpretado por dois atores, um foi o corpo e o outro fez a voz). Sua aparência se tornou marcante no cinema.

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O ator Donald Pleasence como Ernst Stavro Blofeld, o maior inimigo de James Bond. Líder da SPECTRE.

O livro fora escrito escrito quando Fleming passava férias no Japão daí grande parte da trama se passar no país. Além disso, Fleming sofrera um ataque cardíaco, algo que o levou a escolher o título “You Only Live Twice”. O filme tivera problemas para contratar os atores, para escolher as locações, preparar os cenários, algo que atrasou a produção, pois originalmente pretendia-se filmar A Serviço Secreto de Sua Majestade antes deste filme.

O contrato de Sean Connery terminou quando ele filmara Só se Vive Duas Vezes. Os produtores tentaram renovar seu contrato, mas Connery optou em trabalhar em outros projetos no momento e “descansar” do personagem. Assim, o seu substituto fora o ator australiano George Lazenby, na época um ator pouco conhecido, mas que chamou a atenção de Albert Broccoli depois de que se conhecerem por acaso. Lazenby aceitou o papel de interpretar o espião britânico em 007: A Serviço Secreto de Sua Majestade (On Her Majesty’s Secret Service).

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Poster de 007: A Serviço Secreto de Sua Majestade (On Her Majesty’s Secret Service) de 1969.

A história começa em Portugal, onde Bond passeando acaba conhecendo uma uma mulher que tenta se suicidar, tentando se jogar de um penhasco ao mar. Ele a salva, mas de repente é atacado por dois caras, e durante a luta, ela acaba fugindo. Posteriormente ele descobre o hotel onde ela está hospedada, e descobre sua identidade, ela era a Condessa Tereza “Tracey” di Vincezo (Diana Rigg). Bond tem um caso com ela inicialmente e depois descobre que ela era filha de um mafioso córsego chamado Marc-Ange Draco (Gabriele Ferzetti), chefe da Unione Corse. Draco oferece um milhão de libras para que James se casasse com sua filha, mas este recusa, mesmo assim segue a namorando. Posteriormente, Draco informa que sabe informações sobre o paradeiro de Blofeld, que o mesmo se encontrava na Suíça. Na Suíça, Bond descobre que Blofeld pretendia levar à cabo seu plano intitulado “Os Anjos da Morte”, dez belas mulheres infectadas com um patógeno que geraria uma epidemia. A ideia de Blofeld era espalhar uma “arma biológica” sem ser notada que fora espalhada.

O filme também ficou marcante pelas cenas na Suíça, a perseguição de esqui, o salto de para-quedas, onde o para-quedas tem a imagem da bandeira do Reino Unido, e o fato de que Bond aceita se casar com Tracy. Sendo o único livro e filme onde James tem uma esposa. Outro aspecto fora que o vilão Ernst Blofeld fora interpretado por outro ator neste filme. E o mesmo não apresentara a cicatriz no olho esquerdo.

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Casamento de James Bond e Tereza “Tracy” Bond em 007: A Serviço Secreto de Sua Majestade.

George Lazenby acabou recusando um contrato prolongado para continuar a interpretar o espião, ele teria dito que o personagem não teria mais futuro no cinema, e além disso, existe a possibilidade que ele teria se desentendido com os produtores acerca do contrato para mais filmes. Logo, Lazenby encerrou os filmes dos anos 60 de 007. E a partir daqui comentarei o contexto histórico, antes de seguir para a década de 70.

Creio que alguns leitores tenham notado pela sinopse dos filmes que alguns possuem uma relação visível com o contexto da Guerra Fria, sim isso é verdade. Porém, muito dos livros foram escritos nos anos 50, logo o cenário da década de 1950 era diferente da década de 1960, embora que os últimos livros escritos por Fleming já tenha incorporado essas mudanças. A Guerra Fria vivenciou seu auge entre as décadas de 60 e 70, foram vinte anos marcantes; alguns historiadores chegam a falar em 25 anos de efervescência latente, que em alguns momentos quase explodiu em uma nova guerra mundial.

Quando o Satânico Dr. No chegou aos cinemas, no mesmo ano o mundo vivenciara uma das maiores crises da Guerra Fria. A chamada Crise dos mísseis em Cuba (1962), incidente este que “parou” o mundo durante o final do mês de outubro. Os americanos anteriormente havia posicionados misseis na Europa oriental, como uma “cortina de proteção” e de ataque, em caso dos russos tentaram atacá-los. Os russo descobriram isso, e decidiram fazer algo similar, o local escolhido fora Cuba, a qual desde 1959, quando Fidel Castro, Raúl Castro e Che Guevara coordenaram grupos de guerrilhas que levaram o sucesso da Revolução Cubana, tornou Cuba uma nação socialista.

A CIA avisou então o presidente John F. Kennedy sobre a movimentação de navios soviéticos nas águas cubanas, isso levou Kennedy a contactar o presidente russo Nikita Khruschev sobre os acontecimentos em Cuba, no entanto, o presidente e seu gabinete negou-se a conversa naquele momento. Em 22 de outubro, Kennedy enviou alguns navios para cercarem Cuba e evitar a passagem de navios russos, pois alguns navios destes estavam a caminho da ilha. A tensão fora grande durante uma semana, mas finalmente em 28 de outubro, Khruschev enviou um telegrama para Kennedy, e ambos encerraram o impasse. Tal incidente serviria de inspiração para Fleming quando este escreveu seus livros seguintes.

Ambas as nações criaram a chamada “linha quente”, um telefone vermelho com ligação direta entre os gabinetes presidenciais, a ideia era evitar a todo custo uma crise como essa, pois anteriormente, os americanos confrontaram os soviéticos na China antes da Revolução Chinesa (1949) liderada por Mao Tsé-tung, a Guerra da Coreia (1950-1953), a Revolução Cubana (1959), e conflitos indiretos na América Latina, África e Europa Oriental, em missões “anticomunismo”, no que levou na América Latina o surgimento de ditaduras militares, embora a dita “ameaça vermelha” fosse em boa parte uma mentira, pois os soviéticos sabiam que não tinham tanta força na América Latina e muito menos tentar algo parecido em Cuba, a qual é uma pequena ilha.

No entanto, se fizermos uma análise rápida do perigo que Bond enfrenta nos seis filmes aqui mencionados, podemos chegar ao seguinte: o primeiro filme ele combate um cientista que encarna o arquétipo do “cientista louco”, onde o Dr. No tentara sabotar o programa espacial da NASA (fundada em 1958), ano no qual o livro fora lançado, no entanto, nesta época, os russos já haviam enviado alguns satélites ao espaço e em 1961, eles enviaram o cosmonauta Yuri Gagarin, o primeiro homem a ir ao espaço. A corrida espacial como ficou conhecida fora um evento marcante durante a Guerra Fria, pois consistiu numa forma de enfrentamento entre os dois eixos mundiais. Fleming quando escreveu o livro, a NASA ainda estava em seu início, longe de alcançar seu sucesso em 1969, com o envio da Missão Apolo 11 a Lua.

No segundo filme, Moscou contra 007, o filme já revelava a questão da espionagem mais claramente envolvendo a URSS, pois Bond deveria manter em segurança uma embaixadora russa, e ao mesmo tempo ter acesso a decodificadora que ela carregava. No terceiro filme, o motivo do vilão é pessoal, Goldfinger pretendia acabar com a economia americana para enriquecimento próprio, mas evidentemente se isso tivesse ocorrido a URSS sairia na frente.

Mas, quando chegamos no filme Chantagem Atômica, o livro fora escrito em 1961, ano que o Muro de Berlim fora erguido e um ano antes do incidente em Cuba. Mas, de certa forma Fleming já tinha a noção de que um incidente envolvendo o sumiço de bombas ou a ameaça de usá-las, poderia por em xeque o início de uma nova guerra mundial. No filme seguinte, Só se Vive Duas Vezes, essa crise dual entre americanos e russos voltou a ser explorada, com o sumiço de um avião americano. O livro homônimo data de 1964, ano da morte do seu autor, e posterior a crise vista em Cuba. Em A Serviço Secreto de Sua Majestade, Bond parte para combater Blofeld e evitar que o mesmo ponha em atividade o seu plano de uma “arma biológica”, enviando mulheres infectadas. Armas biológicas e químicas não foram recorrentes durante a Guerra Fria.

Por esta época, ditaduras militares já imperavam na América Latina, a URSS se expandia pela Europa Oriental, a China vivenciava o início de uma censura cultural, a guerra do Vietnã se prolongava, em África vários países lutavam por sua independência e alguns vivenciavam guerras civis. Os soviéticos pretenderam nesta época apoiar tais nações para trazê-las para o seu lado.

Outro fato interessante a ser debatido, diz respeito aos vilões nestes filmes. Basicamente os vilões são três: Dr. No, Goldfinger, Ernst Stavro Blofed e seus agentes da SPECTRE. Todos os três vilões são homens poderosos, ricos, ambiciosos e crentes em seus planos. A SPECTRE surgiu no livro Thunderball, e por sua vez Blofed aparece apenas em três livros (Thuderball, A Servição Secreto de Sua Majestade e Só se Vive Duas Vezes), no entanto, no cinema ele apareceu em sete filmes, mostrando que as adaptações modificaram aspectos da história original dos livros. Nos livros Blofeld morre em Só se Vive Duas Vezes, algo que no filme não acontece.

A SPECTRE fora uma espécie de “saída” de Fleming para evitar colocar a URSS como principal inimiga do agente britânico e do resto do mundo. Embora Fleming tenha criado a SMERSH em Cassino Royale, tal agência de contra-espionagem russa, não aparece nos filmes. Fato este que na adaptação do livro em 2006, a SMERSH fora substituída pela Quantum, uma organização terrorista. Em Moscou contra 007, Bond e o MI6 atuam ao lado dos russos, protegendo sua embaixadora. Em outros filmes como será visto, ele volta a cooperar com os soviéticos.

007 nos anos 70

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Poster de 007 – Os Diamantes são Eternos (Diamonds Are Forever) de 1971.

Os anos 70 começara para a franquia 007, com o retorno de Sean Connery no papel do agente. Embora Connery tenha dito após terminar as filmagens de 007 – Os Diamantes são Eternos (Diamonds Are Forever) de 1971, filme baseado no quarto livro. Connery na época disse que não voltaria mais a interpretar James Bond, porém em 1983 ele o interpretou não-oficialmente no remake de Chantagem Atômica, como mencionado anteriormente.

O livro data de 1956, ou seja, na época dos “anos dourados” e do sonho americano. Embora Fleming fosse inglês e tirasse férias na Jamaica, ele trabalhava num jornal, era um homem de certa forma informado e ciente dos acontecimentos mundiais. No entanto, a trama do livro difere em alguns aspectos da trama do filme. Originalmente no livro, Bond é enviado a Serra Leoa para investigar um grande contrabando de diamantes, então ele segue o rastro dos contrabandistas até a Europa e de lá parte para os Estados Unidos, indo chegar em Las Vegas. A famosa cidade dos cassinos, shows, e monumentos que representam várias cantos do mundo. Vegas também é conhecida como a “Cidade do Pecado” (Sin City), devido a sua vida noturna bem agitada e as vezes indecente.

No filme, Bond decide se vingar pela morte de sua esposa, assassinada por Blofeld com a ajuda de um dos seus agentes, chamado Bunt; metralharam o carro onde se encontrava James e Tracy, ela acabou morrendo na ocasião. A sua morte também é retratada no livro. Neste caso, o filme mostra um Bond vingativo em busca de Blofeld. Após supostamente matar o vilão, o qual finge a sua morte, Bond viaja para a África do Sul, para investigar um grande contrabando de diamantes. Bond se disfarça como um contrabandista e se infiltra no tráfico. Ele acaba posteriormente conhecendo Tiffany Case (Jill St. John), mulher envolvida no esquema de contrabando que se torna eventualmente uma bond girl e sua aliada.

Alguns aspectos curiosos deste filme é que no livro, o vilão era um rico milionário, mas o personagem fora substituído por Blofeld em sua breve aparição. Logo, a SPECTRE estava agindo por trás deste contrabando. Outro marco do filme, fora a música tema Diamonds Are Forever, composta por John Barry o mesmo autor da canção Goldfinger. Por sua vez a música fora cantada por Shirley Bassey, a qual havia cantando a música tema de Goldfinger.

No caso da produção, Broccoli e Saltzman não queriam Connery no papel depois da “desfeita” dele em não aceitar o filme anterior. No entanto, a United Artists, estúdio que distribuiria o filme, exigiram a volta de Connery e não arriscar colocar outro ator no papel, pois o filme atuado por Geroge Lazenby embora tenha recebido uma boa crítica, não havia tido uma boa bilheteria comparado aos dois filmes anteriores.

Em 1973, o novo filme da franquia, 007 – Vive e Deixe Morrer estreava no papel principal o ator britânico Roger Moore. Moore fora o ator que mais viveu o personagem nos cinemas, interpretando o espião em sete filmes. Também fora nos filmes que fizera que a franquia começou a se modificar e a própria personalidade de James Bond também. O Bond interpretado por Moore se tornou menos formal e passou a ser mais irônico e até bem humorado, pois Sean Connery e George Lazenby interpretaram um Bond formal e sério, como visto nos livros. É evidente que em alguns momentos Connery e Lazenby chegavam a fazer piada e descontrair, mas não era algo marcante como ficou nas interpretações de Moore.

007 – Vive e Deixe Morrer (Live and Let Die) fora o segundo livro escrito por Fleming, tendo sido lançado em 1953. A história do livro ficou marcante pelo fato de ter trazido o primeiro vilão negro das histórias de Bond, como também ter sido o único livro e filme a ter o maior número de personagens negros, e fazer referências a alguns aspectos culturais ligados as comunidades negras americanas como o jazz, o soul e o vodu.

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Poster de 007 – Vive e Deixe Morrer (Live and Let Die) de 1973.

Na história, Bond viaja aos Estados Unidos para combater um grande traficante de drogas conhecido como Mr. Big, apelido de Buonapart Ignace Gallia (Yaphet Kotto), o qual trafica principalmente heroína e ópio e planeja monopolizar o mercado de drogas nas Américas e depois em outras partes do mundo. No livro, Mr. Big está associado a SMERSH e também atua no tráfico de ouro. Tais características e outras foram retiradas do roteiro do filme.

No filme, Bond inicialmente viaja aos Estados Unidos para investigar o assassinato de três agentes do MI6, que faziam a segurança do ministro, diplomata e ditador de uma pequena ilha Caribenha chamada San Monique, o Dr. Kananga. Mas misteriosamente estes três agentes foram mortos.

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A atriz Jane Seymour como a cartomante e bond girl, Solitaire.

Em Nova Iorque Bond acaba sendo posteriormente sequestrado e levado até o restaurante Fillet of Soul onde ele conhece Mr. Big, e alguns de seus capangas, como Tee Hee Johnson (Julius Harris), guarda-costas de Mr. Big e seu braço direito. O personagem de Tee Hee ficou conhecido por ser um homem alto, robusto, careca e ter tido a mão direita arrancada por um crocodilo, e no lugar da mão ele usa uma garra de aço. Ainda preso no restaurante, Bond também conhece a bela cartomante Solitaire (Jane Seymour) a qual trabalha para Mr. Big, prevendo o futuro.

Bond acaba fugindo da tentativa de ser morto e viaja para San Monique, a fim de melhor investigar os negócios ilícitos de Mr. Big, que ele acaba sendo o próprio Dr. Kananga. Na ilha, Bond se depara também com o sacerdote vodu, o Baron Samedi (Geoffrey Holder), o qual alega ser a encarnação do deus Samedi, o deus dos cemitérios e da morte, o qual se alto designa “o homem que nunca morre”. Samedi se tornou um icônico vilão e capanga da série. De San Monique, Bond parte para Nova Orleãs e Lousiana, e depois retorna para o confronto final em San Monique.

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Foto promocional do filme retratando da esquerda para direita os personagens: Tee Hee, Baron Samedi, Sussurro, Solitaire, James Bond e Mr. Big/Dr. Karanga.

O filme como já fora dito, fora o primeiro a trazer um vilão negro, capangas negros, e vários coadjuvantes e figurantes negros. Além disso, o filme retratou o Harlem, bairro nova-iorquino conhecido pelas comunidades negras, a cidade de Nova Orleãs e o estado da Lousiana. Locais com grande população de negros. Além disso, os pântanos dessas regiões foram retratados, em uma perseguição de lancha, e uma famosa cena onde Bond salta com sua lancha. Outra cena que ficou famosa, fora quando Bond foge de uma ilhota, correndo sobre jacarés e crocodilos.

A retratação do vodu e da cartomancia foram marcantes. A personagem Solitaire várias vezes aparece jogando as cartas de tarô, e em algumas cenas do filme há rituais vodistas, como o visto no final do filme. A alusão ao soul vista no restaurante, e até mesmo ao jazz, quando uma comitiva de velório passa pela rua. Outro marco deste filme, fora a música tema, composta por Paul McCartney na época já havia saído dos The Beatles e se encontrava no The Wings. A música composta leva o nome do livro e do filme, música esta que tive a oportunidade de ouvir ao vivo, em um dos shows que McCartney fizera no Brasil em 2012.

Um ano depois do sucesso de Viva e Deixe Morrer, fora lançado o filme 007 – Contra o Homem da Pistola Dourada (The Man with the Golden Gun), baseado no décimo terceiro livro, lançado postumamente em 1965. Todavia, a história do livro é bem diferente da trama do filme.

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Poster de 007 – Contra o Homem da Pistola de Ouro (The Man with the Golden Gun).

Originalmente o livro é uma continuação do livro Só se Vive Duas Vezes, onde após matar Blofeld, Bond desaparece, meses depois ele ressurge em Londres, no entanto, ele tenta matar M. Após as investigações, descobre-se que Bond tinha perdido a memória no Japão e depois fora capturado pelos russos e sofrido lavagem cerebral, sendo incentivado a assassinar M. Ao voltar ao normal, M o envia para Jamaica, para ir atrás do assassino cubano Francisco Scaramanga (Christopher Lee), conhecido como “o homem da pistola de ouro”, o qual havia matado alguns agentes do MI6.

Na Jamaica, Bond se infiltra no ciclo de amizades de Scaramanga e descobre que o mesmo está ligado a máfia americana e a alguns agentes corruptos da KGB (Komitet gosudarstvennoi bezopasnosti). O grupo esta envolvido com o tráfico de drogas, prostituição, cassinos, contrabando, lavagem de dinheiro, etc.

No filme a história é outra. Scaramanga vive em uma ilha na China (no livro ele vivia em Cuba) com sua amante Mary Goodnight (Britt Ekland) e seu empregado, motorista e capanga o anão Nick Nack (Hervé Villechaize). Originalmente Mary era secretária de Bond e o personagem de Nick Nack não existe no livro.

No filme, o MI6 recebe uma bala de ouro, M ordena que Bond investigue o paradeiro daquela bala e descubra quem a enviou ao MI6. Bond viaja para Beirute e de lá para Macau, onde descobre a loja que fabrica as balas de ouro. Lá ele se depara com Andrea Anders (este personagem não existe no livro) o qual recolhe as balas e viaja para Hong Kong a fim de entregá-las a Scaramanga. Em Hong Kong Bond o segue até o bar de strip-tease, lá, um cientista chamado Gibson (personagem apenas do filme) fora assassinado, o mesmo projetara um sistema tecnológico chamado Solex Agitator, o qual maximizava o uso de energia solar para gerar eletricidade. Nick Nack rouba o Solex e Bond acaba sendo preso pela polícia no local do crime. Posteriormente descobre-se que a polícia trabalhava disfarçada para o MI6, e Bond é enviado para Bangkok na Tailândia, a fim de encontrar o empresário Hai Fat (personagem apenas do filme) o qual havia enviado o assassino para matar Gibson.

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O ator Christopher Lee como Francisco Scaramanga, o “homem da pistola de ouro”.

Bond é quase morto por dois lutadores de sumô e por Nick Nack, mas Hai Fat envia Bond para um dojô onde seria morto. Após conseguir fugir, Bond recebe a dica de Andreas sobre o local da ilha de Scaramanga, onde Bond parte para recuperar o Solex e confrontar Scaramanga.

Algumas características do filme fora além das mudanças vista na história original, este filme comparado ao seu antecessor teve cenas mais cômicas e sensuais, neste caso, as cenas cômicas ficaram com a personagem do anão Nick Nack, e as cenas sensuais são vistas no bar de strip-tease em Hong Kong e na personagem de Mary Goodnight, a qual em muitas cenas do filme ela aparece apenas de biquíni. A própria pistola de ouro (Golden Gun) se tornou um ícone do cinema, na época armas de brinquedo desta pistola, foram vendidas ao montes. Um último fato a salientar é que, este fora o último filme feito em colaboração entre Broccoli e Saltzman, os dois acabaram se desentendendo, e Saltzman saiu dos estúdios EON Productions.

Três anos depois fora lançado o filme 007 – O Espião que Me Amava (The Spy Who Loved Me). O filme tem uma curiosidade grande, apenas o título fora baseado no livro pois a história fora totalmente mudada. O Espião que Me Amava fora o primeiro livro de contos escritos por Fleming, além de ser considerado um dos livros mais ruins escritos pelo autor. A história é narrada em primeira pessoa por uma mulher chamada Vivienne Michel, que narra aspectos de sua vida pessoal até falar a respeito de James Bond, quando o conhecera. Além disso, o livro é bem breve e a história se passa no Canadá, onde vive Vivienne. Assim, Broccoli pediu aos roteiristas criarem uma nova história algo que dera certo e fora bem recebida pelo público.

Poster de 007 - O Espião que Me Amava (The Spy who Loved Me) de 1977.
Poster de 007 – O Espião que Me Amava (The Spy who Loved Me) de 1977.

No filme, submarinos soviéticos e britânicos estão sumindo. Bond sobrevive a uma tentativa de assassinato tramada por soviéticos. Depois disso ele é enviado ao Egito, a fim de investigar o roubo de informações sobre rotas de submarinos. Lá ele conhece a espiã Anya Amasova (Barbara Bach), que também investigava o mesmo ocorrido, depois de viajarem pelo Egito atrás de micro-filmes contendo tais informações, M e o General Gogol (Walter Gottel) chefe da KGB, ordena que Bonde e Amasova trabalhem juntos nesta investigação. O personagem do General Anatol Alexis Gogol é uma criação dos filmes, pois seu personagem não existe nos livros. Embora fosse russo e chefe da KGB, Gogol em muitos casos atua como aliado do MI6 (provavelmente uma forma de se evitar problemas reais com os soviéticos).

Bond e Amasova viajam para a Sardenha na Itália a fim de investigar o bilionário Karl Stromberg (Curd Jürgens), o qual possui vários investimentos no ramo naval e na tecnologia náutica Stromberg construiu uma base submarina chamada Atlantis. Sua meta e ameaçar iniciar uma guerra nuclear usando o sequestro dos navios, pois seu plano consiste em dizimar a raça humana esta nova guerra, e repovoar o mundo a partir de Atlantis.

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A base submarina Atlantis de Karl Stromberg, em 007 – O Espião que Me Amava.

Alguns marcos do filme, estão a Lotus Espirit branca que se transforma em submarino, a base submarina Atlantis, as cenas no Egito e na Itália, e o capanga Jaws (Richard Kiel) com seus temíveis dentes de aço. Jaws voltaria a aparecer em outro filme como será visto, embora seja um personagem inexistente nos livros, fora baseado nos capangas do livro O Espião que Me Amava, por ter certas similaridades físicas, incluindo os dentes de aço, embora que no livro os dois capangas que tinham esse detalha eram chamados de Horror e Shark.

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O filme recebera boas críticas e três indicações ao Oscar. Conquistou uma boa bilheteria, e se tornou um dos melhores ou talvez o melhor onde Roger Moore atuara como James Bond. A música tema Nobody Does It Better composta por Marvin Hamlisch e interpretada por Carly Simon, fora indicada ao Oscar, Grammy, BAFTA, Globo de Ouro etc., como melhor canção. Além da música, a direção de arte também recebera indicações para estes prêmios.

Arte promocional do filme. Em destaque a bond girl e espiã russa Anya Amasova, James Bond, Karl Stromeberg e Jaws.
Arte promocional do filme. Em destaque a bond girl e espiã russa Anya Amasova, James Bond, Karl Stromeberg e Jaws.

Em 1977 fora lançado o filme Star Wars, um grande sucesso de crítica, público e bilheteria, que daria origem a uma renomada e cultuada franquia. Aproveitando o embalo de filmes de ficção científica ocasionado com o êxito de Star Wars, Brocolli e a EON decidiram ao invés de adaptarem o livro Somente para Seus Olhos (For Your Eyes Only) como previsto inicialmente, decidiram escolher o livro Moonraker (1955) e adaptá-lo ao cinema.

A história original do livro fora bastante modificada para a trama do filme. Originalmente, Bond fora enviado para investigar um milionário chamado Sir Hugo Drax, o qual tinha como projeto o míssil batizado de Moonraker, uma arma que seria utilizada para defender o Reino Unido em caso de um ataque dos soviéticos. Diferente do que se pensa, o livro não possui nenhuma ligação com viagem espacial, pois quando Fleming escrevera esta história a NASA ainda não existia e a Corrida Espacial entre americanos e russos nem ao menos havia começado.

No livro, M suspeita que a fortuna de Drax seja em grande parte advinda de negócios ilegais e de trapaça ligadas a jogos. De fato, Drax era dono de uma empresa que explorava um raro metal chamado columbite, metal este usado na fabricação de seu míssil. Bond acaba por descobrir que Drax na realidade estava ligado aos soviéticos e pretendia usar o Moonraker para destruir Londres.

Em 007 – Contra o Foguete da Morte (Moonraker), a trama do filme segue algumas mudanças bem significativas em relação a trama original. No filme, um ônibus espacial pertencente a empresa Drax Industries de Sir Hugo Drax (Michael Lonsdale), misteriosamente fora roubado. Bond em retorno a Inglaterra é atacado pelo capanga Jaws, o mesmo do filme anterior. Após sobreviver ao ataque de Jaws, já em Londres, ele é enviado a Califórnia para investigar a empresa de Drax.

Poster de 007 - Contra o Foguete da Morte (Moonraker) de 1979.
Poster de 007 – Contra o Foguete da Morte (Moonraker) de 1979.

Em meio as investigações aos aposentos de Drax, Bond com a ajuda da doutora Corinne Dofour (Corinne Cléry) com que tem um rápido caso, acaba descobrindo planos sobre uma estranha substância, projetada por uma empresa localizada em Veneza. Bond viaja para Veneza. No livro tal incidente acontece, no entanto, Bond tem um breve relacionamento com a secretária de Drax, onde acaba tendo acesso ao quarto deste e aos planos, mas a história do livro se passa totalmente na Inglaterra.

Em Veneza após ser perseguido pelos capangas de Drax, e conseguir localizar um do vidros da misteriosa substância, Bond conhece a bela astrofísica, astronauta e espiã da CIA, Holly Goodhead (Lois Chiles), a qual se torna um bond girl e passa a ajudar Bond na investigação que acaba por os conduzir a cidade do Rio de Janeiro. Holly Goodhead é uma personagem apenas do filme, pois no livro, a bond girl se chamava Gala Brand, e possuía características e propósitos diferentes.

No Brasil, Bond assiste brevemente um desfile de carnaval de rua em Copacabana antes de se dirigir para a Urca, para o Pão de Açúcar, onde fora gravado uma das cenas clássicas da série, onde Bond e Holly são atacados por Jaws durante a travessia do teleférico do Pão de Açúcar.

Cenas no Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.
Cenas no Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.

Jaws acaba caindo e some por hora. No entanto, Bond e Holly foram capturados por agentes disfarçados enviados por Drax. Bond acaba fugindo, e posteriormente descobre que a misteriosa substância é um líquido extraído de uma rara orquídea que nasce na Floresta Amazônica. Bond então viaja do Rio de Janeiro para o Amazonas.

O ator Richard Kiel como o capanga Jaws e seus famosos dentes de aço.
O ator Richard Kiel como o capanga Jaws e seus famosos dentes de aço.

Chegando ao local de onde ficaria a base de Drax, Bond segue uma mulher que entra numa pirâmide de pedra (pirâmides de pedra não existem na Amazônia, mas no filme fora inserido tal aspecto). Sob a pirâmide fora construída uma base de lançamento de foguetes, onde Bond avista seis foguetes chamados de Moonraker. Ele consegue se libertar de Jaws, o qual volta aparecer, e consegue salvar Goodhead e juntos embarcam em um destes foguetes até a estação espacial construída por Drax.

O grande plano de Drax era exterminar a humanidade usando a toxina de orquídeas negras que seriam lançadas em mísseis partidos da estação espacial. Na estação, alguns casais selecionados, formariam a nova humanidade “perfeita”. Bond, Holly conseguem contactar a Base da Força Aérea de Vandeberg nos Estados Unidos, a enviar apoio, a base envia um foguete com soldados para ajudar no combate. O combate com armas de laser no espaço fora inspirado em Star Wars.

A estação espacial de Sir Hugo Drax.
A estação espacial de Sir Hugo Drax.

Os efeitos especiais, as locações em sete países e quatro estúdios, tornaram o filme um dos mais caros da franquia, embora para alívio dos estúdios e dos fãs, o filme fora bastante rentável. As armas laser, a viagem espacial, as cenas no espaço, a luta contra Jaws no Pão de Açúcar, etc., não apenas foram difíceis de fazer como também custaram caro e renderam dias de filmagens. Mesmo assim, o final fora gratificante, embora alguns fãs tenha achado na época a história em parte surrealista, no entanto, em 1969 o homem já havia chegado a Lua, o sonho de explorar o espaço era algo marcante naquele período, pois outras viagens espaciais a Lua foram feitas. Assim, eu encerro a seção da década 70, pois os outros filmes feitos por Roger Moore, os dois últimos dele no papel do espião britânico, datam dos anos 80.

No anos 70 foram produzidos cinco filmes de 007, sendo quatro protagonizados por Roger Moore e um por Sean Connery. Acredito que alguns leitores ao lerem as sinopses e comentários esboçados anteriormente já devem ter visualizado diferenças em relação aos filmes dos anos 60. Bond e seus filmes passaram a terem cenas mais inusitadas, “mentirosas” e com tom cômico e irônico. O movimento hippie surgido nos anos 60 ainda estava em alta no começo dos anos 70, logo, o personagem deixou de lado sua profunda seriedade, se tornando mais “relaxado”. No entanto, Bond conserva sua fama de mulherengo, e ainda mantem os hábitos de beber e fumar. Algo interessante, pois nos filmes atuais de 007, o personagem bebe menos e não fuma mais. Tais mudanças começaram ainda nos filmes de Pierce Brosnan nos anos 90.

Mas, voltando ao enredo dos livros e filmes acerca do contexto da Guerra Fria, notamos que o primeiro filme, Os Diamantes são Eternos, embora trate de uma história de contrabando, os contrabandistas estavam associados a SMERSH, neste caso na trama do livro. Além disso, o contrabando de diamantes fora algo marcante dos anos 50 e até mesmo nos dias de hoje, onde em alguns países africanos a exploração de tal gema beira o uso de um trabalho escravo. Não sei dizer se Fleming tinha noção desta cruel realidade dos garimpeiros africanos.

Quando passamos para o primeiro filme de Roger Moore, Vive e Deixe Morrer, o livro fora escrito ainda nos anos 50, numa época que o preconceito racial nos Estados Unidos ainda era grande, e começou a amenizar nos anos 60, tendo figuras como o pastor Martin Luther King Jr (1929-1968) e de Malcom X (1925-1965), ambos foram grandes defensores da igualdade, fim do preconceito, reconhecimento a cultura afro-americana, etc. Ao mesmo tempo, ambos foram assassinados também. Além deles, nos anos 60 surgira o Partido dos Panteras Negras, que passaram a atuar em defesa da comunidade negra a protegendo da violência policial e lutando pelos direitos de igualdade e acessibilidade no país.

Quando fora proposto lançar-se o filme em 1973, os anos 70 procuravam mudar essa fatídica visão de um Estados Unidos dividido pelo racismo, fosse com os negros, mas com os indígenas, latino-americanos e asiáticos. Por esta época imperava uma propaganda nacionalista, pois os americanos estavam combatendo na Guerra do Vietnã (1955-1975). O movimento hippie e o Partido dos Panteras Negras, também tinham influência no começo dos anos 70, assim os roteiristas do filme, acharam interessante mostrar ao público a cultura afro-americana. Tal fato como fora mencionado anteriormente, é evidente na retração de vários personagens negros, das alusões ao jazz, soul e ao vodou, religião afro-caribenha introduzida no sul dos Estados Unidos.

Quando passamos para o filme O Homem da Pistola Dourada, a história do livro fora bem modificada em relação ao filme como apontado anteriormente. Enquanto no filme, o vilão era um assassino cubano, ligado a negócios ilícitos pela América Latina, no filme o assassino Francisco Scaramanga, não tem sua nacionalidade definida, e atua na China, tendo roubado o projeto do Solex. Três fatos são curiosos aqui para sem mencionados.

A ideia de mudar os negócios que Scaramanga estava associado partiu do contexto histórico dos anos de 1973 e 1974, pois o filme fora lançado em 1974. Nas datas de 73 e 74 ocorrera uma grave crise do petróleo, advinda de conflitos entre alguns dos produtores de petróleo no Oriente Médio. O Irã atacou o Iraque, a Arábia Saudita, o Kuawait, Israel, Jordânia, etc., também entraram em breve conflitos, isso afetou a exportação de petróleo para o restante do mundo, o que fez os preços se elevarem absurdamente em poucos meses. Nos Estados Unidos, houve escassez de petróleo durante estes meses, e os valores estavam bem elevados. Assim, no filme, o Solex era um mecanismo que maximizava o uso da energia solar para gerar eletricidade. O próprio Bond chega a fazer a menção que o Solex poderia ser uma alternativa a “crise de energia” que o mundo vivenciava.

Outro fato a mencionar é a referência as artes marciais. No começo dos anos 70, o ator Bruce Lee (1940-1973) estava em alta com seus filmes de artes marciais, então os roteiristas aproveitaram para já que estavam fazendo um filme a China e Tailândia porque não colocar cenas de artes marciais? E fora isso que aconteceu. As artes marciais não tiveram nenhuma influência relacionada ao contexto da Guerra Fria, mas fora uma ideia bem sugestiva e aplicada.

O terceiro ponto a salientar, é que a China nesta época já era socialista desde 1949, mas curiosamente, os dois locais que Bond visita, Macau e Hong Kong, ainda eram colônias respectivamente de Portugal e Inglaterra. Bond viajou para terras “neutras”. Além disso, Scaramanga vive em uma ilha, onde ele não possui ligação nenhuma com o governo socialista chinês. Se antes ele era um assassino ligado ao socialismo, aqui tal aspecto fora removido. Possivelmente para se evitar problemas com os cubanos e os soviéticos.

No terceiro filme de protagonizado por Moore, e o mais rentável de sua carreira como o espião britânico, em O Espião que Me Amava, história totalmente diferenciada do livro como visto, novamente a ameaça de uma guerra mundial volta a ser o problema da vez que Bond deve enfrentar. Mas, o curioso neste filme, é que os submarinos desaparecidos são britânicos e soviéticos, e além disso, o MI6 e a KGB passam a cooperarem para solucionar tal incidente. Ora, a ideia do filme era mostrar que os britânicos queriam manter a cordialidade e a paz com os soviéticos.

Mas, a ideia de aniquilar a espécie humana, fora algo também utilizado no filme O Foguete da Morte. A diferença é que ao invés do vilão possuir uma base submarina, ele possuía uma base espacial, mas os planos de ambos os vilões eram os mesmos: erradicar a espécie humana e repovoar o planeta, criando uma nova espécie mais desenvolvida. Essas loucuras não eram algo que combinasse com os soviéticos, mas era algo pensando por alguns nazistas.

Assim, vimos que os anos 70 fora uma década contrastante entre a procura da paz, amizade e do amor com os hippies, e a violência de guerras civis em África, Vietnã, Oriente Médio, Leste Europeu, e a forte censura e opressão imposta pelas ditaduras militares na América Latina. Embora, os filmes de 007 não mostrassem esse lado mais cruel da realidade da época, é interessante notar que certos aspectos sociais foram levados em consideração para a elaboração da trama dos filmes, assim como outros aspectos dos livros foram removidos.

007 nos anos 80

Os anos 80 marcam o fim das atuações de Roger Moore como 007 e a ascensão e queda de Timothy Dalton no papel do agente secreto. Embora que Dalton ainda chegou a fazer dois filmes, diferente do único filme de Lazenby.

Em 1981 fora lançado o filme 007 – Somente para os Seus Olhos, baseado no livro de contos For Your Eyes Only, neste caso o livro possui cinco contos, dos quais dois foram usados para basear o filme: For Your Eyes Only e Risico. Os outros três contos são: From a View to Kill, Quantum of Solace e The Hildebrandy Rarity. A história do primeiro conto aborda o assassinato da família Havelock, os quais eram amigos de M. Por sua vez, em Risico, Bond investigava a máfia italiana. No entanto, a história fora modificada para o filme.

O filme começa com Bond visitando o túmulo de sua falecida esposa Tracy Bond. Um helicóptero pousa ali perto para buscar Bond, mas o mesmo acaba passando a ser controlando remotamente, e ameaçar cair com Bond e o piloto. James descobre que o responsável por aquilo era Ernst Blofeld o qual supostamente teria morrido no filme Os Diamantes São Eternos. Mas, Blofeld havia sobrevivido e depois de anos escondido decidiu se vingar do espião. No entanto, Bond consegue contornar a situação e mata Blofeld derradeiramente.

Poster de 007 - Somente para Seus Olhos (For Your Eyes Only) de 1981.
Poster de 007 – Somente para Seus Olhos (For Your Eyes Only) de 1981.

Passado esta breve aparição do famoso vilão, que neste filme não mostra a cara, apenas as mãos e o corpo a distância, interpretando por outro ator diferente dos filmes anteriores. O filme salta para outra cena, onde mostra um submarino britânico sendo avariado, e um sistema de comunicações chamado ATAC sendo roubado. O governo contacta o oceanógrafo Timothy Havelock (Jack Hedley) mas antes de se reportar, Havelock acaba sendo assassinado por um assassino de aluguel cubano, chamado Hector Gonzales. Bond é enviado para localizar o assassino e interrogá-lo, pois o ATAC possibilitava acesso ao sistema de comunicação dos submarinos britânicos e acessar o seus planos de estratégia.

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Bond deixando flores no túmulo de sua esposa Tereza “Tracy” Bond.

Em Espanha, na casa de Gonzales antes que Bond possa capturá-lo, Melina Havelock (Carole Bouquet), filha de Timothy assassina Gonzales com uma seta de sua besta, vingando a morte do pai. Daí, James tem que fugir dali e leva Melina consigo. No livro, Melina se chamava Judy. Além disso, seus pais não eram oceanógrafos, mas sim arqueólogos. Antes de fugir, Bond avista um homem na casa de Gonzales, que posteriormente descobre que era um mafioso italiano chamado Emile Locque (Michael Gotdard).

Na Itália, Bond conhece o contrabandista grego Aristotle Kristatos (Julian Glover) o verdadeiro vilão da história. Inicialmente Kristatos engana Bond, dizendo que Locque trabalhava para o contrabandista Milos Columbo (Topol). Columbo acaba revelando que tudo era uma mentira, e Locque trabalhava para Kristatos e o ATAC estava com ele. Por sua vez, Kristatos pretendia vendê-lo aos soviéticos. No final do filme, em meio ao confrontamento entre Bond, Havelock, Columbo e Kristatos numa ilha grega, o general Gogol aparece num helicóptero e pede que Bond lhe de o ATAC, mas este o joga no mar, dizendo que aquilo não ficaria nem com ele e nem com o general.

O filme fora bem recebido pela crítica, e até mesmo tivera sua música-tema Four Your Eyes Only, composta por Conti e Michael Lesson e interpretada por Sheena Easton, recebendo indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro. As perseguições de esqui lembraram as vistas no filme A Serviço Secreto de Sua Majestade, assim como as filmagens subaquáticas lembraram os filmes Chantagem Atômica e O Espião que Me Amava.

As belas paisagens italianas e gregas deram um toque a fotografia do filme. Além disso, neste filme fora mais sério em relação aos outros filmes de Moore. Broccoli achou que a comicidade dos anos 70 já não se aplicava mais nos anos 80 e sugeriu estas mudanças aos roteiristas, embora que no filme seguinte, o cômico e o irônico retornaram mais uma vez. Outro fato curioso é que neste filme, M não aparece, pois o ator Bernard Lee que o interpretava desde o primeiro filme, havia falecido em 1979. Para o filme seguinte, a produção escolheu o ator Robert Brown para o papel de M.

Em 1983 fora lançado 007 contra Octopussy (Octopussy), inspirado no livro de contos, um dos últimos escritos por Fleming e apenas publicado após a sua morte. O livro possui quatro contos: Octopussy, The Living Daylights, The Property of Lady e 007 in New York. Curiosamente o quarto conto é o único que traz no título o codinome do agente, pois nenhum dos livros escritor por Fleming e os outros autores, aprece no título os números 007. Até nos títulos originais dos filmes, tais números não constam, embora que na tradução destes títulos em outros países como o Brasil e Portugal, conste o uso do codinome do agente.

A história original do conto de Octopussy fora bem modificada em relação a trama do filme. No livro, Bond persegue um herói de guerra chamado Major Dexter Smith, o qual havia roubado alguns tesouros nazistas durante a Segunda Guerra. A ideia de roubo de tesouros fora mantida na trama do filme, embora grande parte do filme não possua ligação com a história propriamente do conto. De fato, tirando a ideia de roubo de joias e o título do conto, o roteiro do filme não possui nenhuma ligação com a história do conto.

Poster de 007 contra Octopussy (Octopussy) de 1983.
Poster de 007 contra Octopussy (Octopussy) de 1983.

A história do filme começa na Berlim Oriental, onde o agente 009 (Andy Bradford) disfarçado de palhaço foge de um circo, e corre por uma floresta. 009 carrega consigo um exemplar de Ovo Fabergé (os ovos de Fabergé foram joias feita por Peter Carl Fabergé para presentear a família real russa entre os anos de 1885 e 1917. São considerados obras-primas da joalheria e bastantes caros). 009 acaba sendo ferido, mas consegue entregar um ovo falso na casa do cônsul britânico.

Em Londres, Bond é enviado a um leilão onde uma das peças a ser leiloada é um Ovo Fabergé possivelmente o verdadeiro que havia sido roubado do Kremlin em Moscou. Bond passa a disputar a contra do ovo com os outros concorrentes, até que finalmente um rico homem chamado Kamal Khan (Louis Jordan) arrebata o ovo por 500 mil libras. Khan era um príncipe afegão exilado. Suspeitando do grande interesse do Khan, Bond decide ir trás dele e parte para a Índia, o mesmo estava vivendo. No entanto, durante o leilão, Bond havia conseguido trocar o ovo verdadeiro pelo falso, ou seja, Kamal Khan comprara o exemplar falso.

O Ovo Farbegé do filme.

Na Índia, Bond passa a ser ajudado pelo espião Vijay (Vijay Amritraj) que infiltra Bond no hotel onde Khan estava hospedado. Lá Bond desafia Khan para uma partida de gamão, onde o mesmo já se encontrava anteriormente jogando. Bond suspeita que Khan estivesse trapaceando, e aposta o Ovo de Farbegé e usa os dados de Khan, vencendo a partida. Khan suspeitando que aquele ovo fosse o verdadeiro, ordena que seu guarda-costas e capanga, Gobinda (Kabir Bedi) mate Bonde e Vijay e traga o ovo. Os dois conseguem fugir, mas posteriormente Bond é enganado por uma mulher chamada Magda (Kristina Wayborn) a qual acaba roubando o ovo. Gobinda captura Bond e o prende numa cela no palácio de Kamal Khan.

Durante sua prisão, usando um dispositivo de escuta escondido dentro do ovo, Bond ouve a conversa de Kamal, o qual estava associado a um general russo renegado chamado Orlov (Steven Berkoff). Orlov e Khan tem planos de destruir bases americanas na Europa e expandir o domínio soviético sobre o continente europeu. Bond escapa e posteriormente encontra uma rica contrabandista chamada Octopussy (Maud Adams), a qual possui negócios com Kamal Khan e esta interessada no Ovo Ferbegé e em outras jóias. A personagem chama-se Octavia Charlotte Smythe e fora uma personagem criada para o filme.

A atriz Maud Adams como Octopussy.
A atriz Maud Adams como Octopussy.

Octopussy conta para Bond que Khan e Orlov pretendem explodir uma bomba atômica na Berlim Ocidental, durante uma apresentação de seu circo, para os militares americanos da Força Aérea. A ideia não era iniciar uma guerra, mas uma campanha de desarmamento após esta “acidental” explosão na cidade. Com a redução do poderio militar na Europa Ocidental, os soviéticos aproveitaram para invadi-la.

O filme não fizera tanto sucesso como seu antecedente, embora fora melhor em bilheteria do que Nunca Mais outra Vez, o remake protagonizado por Sean Connery e lançado no mesmo ano. Além disso, o filme fora criticado pelo fato de que Bond aparecera disfarçado de palhaço e até de gorila. Os críticos e os fãs não gostaram destas cenas, pois acharam debochantes e impróprias para a seriedade do personagem. Outro fato a salientar é que depois de Somente Para seus Olhos, Roger Moore sugeriu não querer mais fazer filmes de 007, os produtores chegaram até a realizarem testes de cena com outros atores em caso de Moore desistisse de vez.

James Bond disfarçado de palhaço no circo de Octopussy.
James Bond disfarçado de palhaço no circo de Octopussy.

Em 1985 fora lançado o último filme onde Moore encarnava o papel do espião James Bond, sendo a sétima vez que fazia isso. Depois de Moore, Connery fizera seis filmes oficiais; depois vem Pierce Brosnan com quatro filmes, Daniel Craig com três filmes, Timothy Dalton com dois filmes e George Lazenby com apenas um filme. Nesta época Moore estava com 57 anos, demasiadamente velho para o papel do agente, além de está cansado de fazer estes filmes, como havia salientado desde 1981.

O último filme que Moore atuara no papel do agente fora 007 – Na Mira dos Assassinos (A View to a Kill). O título fora inspirado no conto A View to a Kill, no entanto, a história do filme não possui nenhuma ligação com o livro, pois no conto, Bond investigava a morte de um agente da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Poster de 007 - Na Mira dos Assassinos (A View to a Kill) de 1985.
Poster de 007 – Na Mira dos Assassinos (A View to a Kill) de 1985.

No filme, Bond é enviado para a Sibéria na Rússia, para encontrar o corpo de 003, morto em missão. Ele encontra um misterioso micro-chip. De volta a Londres, Q identifica que o micro-chip era fabricado pela empresa Zorin Industries, com sede no Vale do Silício na Califórnia, Estados Unidos. Bond fica sabendo que Max Zorin (Christopher Walken) estava assistindo uma corrida de cavalos no Racecourse Ascot na Inglaterra. Um dos cavalos de Zorin participava da corrida. Bond decidi ir vê a corrida para investigar Zorin. Fora nesta cena após a corrida que aparece a personagem May day (Grace Jones) a qual atua como capanga de Zorin, se tornando uma das vilãs da série.

Durante a corrida, Bond conhece Sir Godfrey Tibbett (Patrick Macnee), que passa a ajudá-lo nas investigações sobre Zorin. Bond viaja para o rancho de Zorin, e descobre um laboratório ilegal que fabrica anabolizantes para cavalos e outras drogas. May Day é incumbida de matar Tibbet e Bond. Tibbett morre, mas Bond consegue sobreviver, e posteriormente é descoberto que Zorin possui ligações com o general Gogol, o qual havia no passado patrocinado alguns dos empreendimentos do mesmo. No entanto, Gogol suspeitava que Zorin estava planejando algo perigoso e escondia isso da KGB.

Bond acaba viajando para os Estados Unidos onde se alia a espiã da KGB, Pola Ivanova (Fiona Fullerton), enviada por Gogol para investigar Zorin. O restante do filme se passa nos Estados Unidos, principalmente na Califórnia, tendo as cenas na Ponte Golden Gate, sendo memoráveis. Zorin planejava explodir bombas numa mina próxima a falha geológica de San Andreas, causando um enorme terremoto, destruindo cidades e as empresas do Vale do Silício e assim conseguindo ter o monopólio na produção de micro-chips.

O filme fora elogiado pelas cenas de ação e as músicas, mas fora criticado pelas atuações dos protagonistas, além de ter a história sido considerada pouco cativante. O filme não se saiu bem como outros que Moore atuara. Uma curiosidade, fora que o ator Dolph Lundgren atuara brevemente neste filme, como um dos capangas de May Day.

O ator britânico Timothy Dalton já era conhecido por seus trabalhos no teatro e na televisão, além de ter se candidatado a interpretar James Bond em 1968, onde perdera para George Lazenby e posteriormente em 1970, onde perdera para Roger Moore. Contudo após a saída de Roger Moore o qual estava tinha feito 58 anos após terminar o filme, Broccoli e a produção optaram por Dalton, o qual tinha seus 38 anos na época, idade correspondente a imaginada por Fleming (George Lazenby fora o ator mais jovem a interpretar o personagem, tendo 30 anos na época. Sean Connery tinha 31 anos durante as gravações do primeiro filme).

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Poster de 007 – Marcado para a Morte (The Living Daylights) de 1987.

Em 1987 fora lançado 007 – Marcado para a Morte (The Living Daylights). Além de usar o título do conto, o filme se inspirara vagamente na trama do conto, onde Bond tinha que levar em segurança um ex-agente da KGB, conhecido pelo codinome 272 a deixar a Berlim Oriental, no entanto, 272 é ameaçado pela assassina Trigger. No filme, Bond é encarregado em atuar como franco-atirador para vigiar a fuga discreta do general Georgi Koskov (Jeroen Krabbé), ex-agente da KGB. O general pretende fugir durante um concerto em Bratislava na Eslováquia. Em sua vigília Bond percebe outro franco-atirador, uma mulher loura, Kara Milovy (Maryam D’Abo) a qual pretendia matar o general Koskov, Bond é ordenado a matá-la, mas ele descumpre a ordem e atira no braço dela, fazendo ela desistir do ataque. Bond e Koskov conseguem fugir para Áustria e de lá seguem para a Inglaterra.

Koskov conta ao MI6 que o novo chefe da KGB, o General Leonid Puskhin (John Rhys-Davies) havia reativado a SMERSH, e voltara a perseguir os agentes da MI6, CIA, etc. O próprio 004 que é morto, havia escrito um bilhete mencionando a SMERSH. Um fato a salientar é que neste filme o General Gogol havia deixado a chefia da KGB e passara a ser Ministro da Defesa. Ele aparece brevemente no final do filme. Koskov acaba sendo sequestrado, então M envia Bond para resgatá-lo e deter Puskhin e a SMERSH, a fim de evitar novos problemas com a URSS.

De volta a Brastislava, Bond descobre que a fuga de Koskov era uma armação e que Milovy era amante do general. Bond começa desconfiar de tudo isso, e pede a ajuda de Milovy que passa acreditar que ele seja amigo de seu amado. Eles partem para Viena na Áustria atrás de informações e depois seguem para Tânger no Marrocos, onde encontram Puskhin, o qual revela que a verdade, a SMERSH é uma mentira, que ele não a reativou, e aquilo fora inventado por Koskov para por o MI6 em seu encalço. Posteriormente é descoberto que Koskov estava envolvido com negócios ilegais na Rússia e no Afeganistão, contrabandeando ópio e apoiando a Invasão soviética do Afeganistão (1979-1989). Bond decide explodir o avião de Koskov com o contrabando e confronta o capanga de Koskov, chamado Necros (Andreas Wisniewski) e o contrabandista de armas, Whitaker (Joe Don Baker). Ambos aparecem em outros momentos do filme e ameaçam Bond. O general Koskov acaba sendo preso pela KGB.

Os vilões Necros, Whitaker e o General Koskov em Tânger, Marrocos.
Os vilões Necros, Whitaker e o General Koskov em Tânger, Marrocos.

As cenas de ação na neve envolvendo o Aston Martin V8, são marcos neste filme que fora bem recebido pela crítica e pelo público. No filme, foram usadas várias músicas durante a trama, o que incluiu trechos de óperas e concertos, como a Sinfonia 40 em Sol menor de Mozart. A canção tema tivera alguns problemas de disputa entre John Barry e o músico Paul Waaktaar-Savoy, na época membro da banda norueguesa A-ha. John e Barry comporam a música The Living Daylights, mas acabaram se desentendendo em algumas partes, o que levou a duas músicas parcialmente diferentes.

Poster de 007 - Permissão Para Matar (Licence to Kill) de 1989.
Poster de 007 – Permissão Para Matar (Licence to Kill) de 1989.

Em 1989 fora lançado 007 – Permissão Para Matar (Licence to Kill). O último filme protagonizado por Dalton e considerado o pior dos dois que ele fizera. O filme não possui nenhuma ligação com os romances de Fleming, seja pela utilização de um título ou inspiração e alguma trama, o roteiro fora o primeiro a se apartar das histórias criadas por Fleming, algo que se seguiria com os filme sde Pierce Brosnan, até que Cassino Royale fora lançado em 2006.

O ator Robert Davi como o vilão Franz Sanchez.
O ator Robert Davi como o vilão Franz Sanchez.

O filme começa com Bond dentro de um carro, vestido de terno cinza, ao lado de dois amigos, sendo um deles Felix Leiter (David Hedison). Na ocasião, Leiter estava para se casar, e Bond era um dos padrinhos. No entanto, enquanto seguiam para a igreja em Miami, não muito longe dali, o traficante de drogas e dono de cartéis, Franz Sanchez (Robert Davi) ia atrás de sua amante, a quem descobre que ela estava tendo um caso com outro homem, e os flagra na cama. Sanchez ordena que seus capangas arranquem o coração do cara, então leva sua amante Lupe Lamora (Talisa Soto) embora dali. Enquanto isso, a DEA (Drug Enforcemente Administration) localiza o avião de Sanchez, pelo qual o mesmo pretendia fugir. Leiter é avisado que havia possibilidade de se prender o traficante naquela ocasião, então um helicóptero é enviado para lhe buscar, Bond decide ir junto, e Sanchez acaba sendo preso.

Então Felix e James seguem para a igreja, e o casamento ocorre. Durante a festa de casamento, Sanchez consegue subornar alguns dos agentes do DEA e enquanto era transportado por uma ponte, o forgão onde estava é jogado no mar, e sua equipe de mergulho o resgata. Sanchez ordena Fr que seus capangas encontrem o agente que lhe prendera, assim Felix e sua esposa Della (Priscila Barnes) são atacados. Della é assassinada em casa, e Felix é levado até Sanchez, onde o mesmo o joga dentro de um tanque com um tubarão. Bond que estava no aeroporto, ouve a notícia que o traficante que estava sendo transportado havia fugido, temendo pela segurança de seu amigo, ele retorna para casa dele, e encontra Della morta.

Bond posteriormente descobre que Felix havia sido assassinado, então decidi ir atrás de Sanchez. O MI6 proíbe que ele parta em vingança, e ordena uma missão para ele em Istambul na Turquia, James se recusa a obedecer a ordem e pede demissão. M suspende sua regalias e direitos como espião, e o declara como desertor. Bond por contra própria decide seguir o rastro do contrabando de Sanchez para encontrá-lo. No caminho, ele resgata uma ex-oficial do Exército Americano, chamada Pam Bouvier (Carey Lowell) a qual era pilota e atuava como informante da CIA. Pam decide ajudar Bond em sua empreitada.

A medida que os dois avançam no rastro de Sanchez, descobrem que ele possui contatos com traficantes de Hong Kong e de outros locais da Ásia, além de possuir um “laranja” chamado Professor Joe Butcher, que possui um centro evangélico, usado para esconder os negócios ilícitos de Sanchez. Bond chega a se infiltrar nos negócios, se mostrando como um traficante interessado em firmar acordo com Sanchez, mas este acaba descobrindo, e então ordena sua morte. Bond se salva, e parte para confrontar Sanchez.

O filme fora razoavelmente bem recebido pela crítica, Dalton havia retomado a seriedade do personagem dos naos 60, no entanto, este filme em particular fora considerado o mais sombrio e violento até então. Dalton recebeu críticas por sua atuação. O filme também teve problemas com as locações e o orçamento; Broccoli pretendia filmar na China, mas problemas no orçamento e outros fatores o leverão a desistir de filmar ali, o próprio roteiro do filme fora mudado por causa disso, e voltou-se para o México.

Além disso, Permissão Para Matar fora o único filme da série a não ser gravado no Pinewood Studios em Londres. Estúdio conhecido por rodar cenas de todos os filmes da série, inclusive até os mais recentes. O fato se deu aos altos custos de gravação no Reino Unido. Daí os produtores optarem em rodar quase todo o filme no México e nos Estados Unidos, especialmente na Flórida, onde parte da trama se passa.

Outras curiosidades sobre o filme são: a cena que o caminhão anda empinado, algo difícil de ter sido realizado na época; o fato que este é o filme onde o personagem Q aparece mais vezes, pois embora Bond fosse renegado do MI6, Q que eram muito seu amigo, decidiu ajudá-lo. No começo do filme, o avião de Sanchez é rebocado no ar pelo helicóptero do DEA; As cenas de luta aquática; a participação do ator Benício del Toro como o capanga Dario. Fora um dos primeiros papéis de Benício no cinema, sendo o principal capanga de Sanchez no filme. O filme também teve problemas com o título, pois o mesmo fora mudado algumas vezes, algo que prejudicou e custou dinheiro para a propaganda de divulgação.

Após este filme, um longo processo pelos direitos da franquia de 007 se iniciou. Dalton tinha contrato para fazer três filmes, mas com a demora, acabou desistindo. Em 1993 quando fora anunciado que começaria-se a filmar, 007 contra GoldenEye (GoldenEye) Dalton fora chamado, mas recusou-se novamente, então a opção escolhida fora Pierce Brosnan, o qual já havia sido cogitado para o papel do espião em 1986 para o filme Marcado para a Morte. Assim eu termino os filmes dos anos 80, e agora vejamos alguns fatos históricos.

Os anos 80 começaram com uma nova crise do petróleo iniciada em 1979, mas que se alastrou por alguns meses de 1980. Ainda neste período, em 1979, Margareth Thatcher (1925-2013) assumira o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido, sendo a primeira mulher a exercer este cargo. Tchatcher seria reeleita e permaneceria até 1990. Seu governo fora marcado pela adoção do modelo econômico neoliberal, que em parte trouxe benefícios para a economia britânica, mas em outra prejudicou a sociedade também, devido ao aumento dos impostos, privatizações, etc. Nos Estados Unidos, o presidente Ronald Reagan (1911-2004) também adotou tal modelo. Reagan fora um presidente popular em seu tempo tendo governado por dois mandatos (1981-1989), ele e Tchatcher influenciariam os governos dos anos 80 e 90 com as medidas neoliberais para se recuperar a crise financeira dos anos 80.

Todavia, embora Reagan tenha procurado se aproximar mais dos soviéticos, em 1983 ele voltou a tensão armamentista anterior, pois ainda nos anos 70 foram assassinados acordos como o plano SALT (Strategic Arms Limitation Talks) para o desarmamento, mas em 1979 os soviéticos descumpriram com isso e invadiram o Afeganistão iniciando uma guerra de dez anos. Temendo, que a URSS fizesse isso com outros países, Reagan ordenou o ampliamento da produção bélica dos Estados Unidos e atibou a Iniciativa Estratégica de Defesa, que ficou popularmente conhecida como “guerra nas estrelas”, pois consistia numa bateria de misseis que protegeriam e se fosse necessário atacariam os soviéticos. Os misseis eram de longo alcance, viajando quase no espaço, daí a referência a “guerra nas estrelas”.

Embora o filme 007 – Somente para Seus Olhos tenha sido lançado em 1981, dois anos antes dessa medida tomada por Reagan, no próprio filme a ameaça da eclosão de uma guerra é vivenciada, onde os soviéticos tentam adquirir o ATAC dos britânicos. Embora o vilão fosse um grego, o mesmo pretendia vender o aparelho e suas informações a URSS. É visível que a pequena distensão proposta pelos planos SALT e outros acordos, era de caráter duvidoso, e ainda havia esse medo na população. Embora nem todos os filmes de Bond tenha uma ligação direta ao contexto da Guerra Fria, aqui vemos claramente essas divergências que marcaram os anos 60 e 70, novamente em pauta.

Em 1985 quando lançaram 007 contra Octopussy, os nervos voltaram a flor da pele, quando o vilão Kamal Khan e seu aliado o general desertor Orlov, planejam explodir uma bomba em Berlim Ocidental. Este filme tem um fato interessante: o personagem Kamal é um príncipe afegão que exilou-se na Índia, mas nutre um ódio ao Ocidente e coopera com o general Orlov, curiosamente foram os soviéticos os responsáveis por seu exílio, pois os mesmos invadiram e ocupavam o Afeganistão desde 1979. Outro ponto a ser comentado é que Orlov era um desertor, havia sido afastado de alguns cargos por não concordar com a política do momento. Embora o roteiro tenha sido escrito anteriormente, em 1985, o presidente russo Mikhail Gorbatchov iniciava suas medidas para por fim a Guerra Fria. Embora o filme anteceda esta decisão do presidente, podemos fazer uma ligação de que Orlov teria sido afastado de seus afazeres por ter discordado do caminho que a URSS estava tomando acerca de por um fim neste impasse.

Passado meados dos anos 80, a economia em alguns países ainda vivencia crises, e outras elas começam a melhorar; algumas das ditaduras militares que imperavam na América Latina, terminavam; em África, guerras civis eclodiam em alguns países que havia conquistado a independência nas duas décadas anteriores. O Oriente Médio vivenciava problemas com questões políticas, territoriais e religiosas, vivenciando atentados e conflitos armados. A China começava a investir em seu crescimento econômico após vivenciar crises no final dos anos 70. Na Europa Oriental, algumas nações soviéticas começavam a transparecer quererem um rompimento com a URSS.

No entanto, também fora uma época importante na tecnologia, onde os computadores e videogames começavam a se tornar pelo menos em alguns países, aparelhos domésticos. Em 007 – Na Mira dos Assassino (A View to a Kill), já é mencionado que o Vale do Silício na Califórnia, região onde importante na produção de tecnologia para hardwares, já nos anos 80 era encarado como um negócio promissor, um negócio para o futuro. É possível que os roteiristas não imaginassem como a dependência e a expansão dos computadores transcorreria, mas e na época, pode ter parecido para que alguns, uma ideia um tanto surreal, hoje a ideia seria outra.

O filme 007 – Marcado para a Morte (The Living Daylights), os soviéticos voltam a chamar a atenção na trama do filme. Onde o general Koskov engana o MI6, mas na realidade esta envolvido com contrabando de armas, tráfico de drogas, e apoiava a invasão do Afeganistão. De fato, algumas cenas do filme foram rodadas no país. Mas, o curioso é que a KGB se alia ao MI6 para prender Koskov.

Finalmente, em 007 – Permissão Para Matar, a trama foca um Bond atrás de vingança contra um chefão do tráfico de drogas. Embora que a ideia de combater o tráfico de drogas não seja novidade na franquia, já que em Vive e Deixe Morrer, Bond já fizera isso, neste filme, os roteiristas usaram o contexto dos anos 80 como inspiração para o roteiro. O próprio presidente Reagan durante seu segundo mandato dissera que passaria a dá maior atenção a “guerra contra as drogas”.

Nesta época o traficante colombiano Pablo Escobar (1949-1991) construíra um “império com o dinheiro do tráfico”. Escobar se tornou um ou talvez o traficante mais rico do mundo, poderoso, temido e violento. Era conhecido por ordenar o uso de violência excessiva, e por ser um homem de temperamento esquentado. Por vários anos dominou e cartéis da Colômbia aos Estados Unidos, passando por toda a América Central. O personagem de Franz Sanchez fora inspirado nele.

Em 1987, os Estados Unidos e a URSS assinaram um pacto para abolir parte dos armamentos nucleares. Em 1989, o Muro de Berlim fora derrubado, e a Alemanha voltou a se unificar. Ainda no mesmo ano, os soviéticos retiraram suas tropas do Afeganistão, a Guerra do Irã-Iraque também terminara. Vários países do leste europeu começaram a se separar da URSS, e em 1991, fora decretado o fim da URSS e logo da Guerra Fria. A Rússia, deixou de ser socialista e passou a ser capitalista.

Embora o primeiro filme de Pierce Brosnan envolva os russos, a trama não possui ligações com a Guerra Fria, embora personifique uma lembrança deste período. Assim, termino meu relato sobre as comparações entre a trama dos filmes e livros com o período da Guerra Fria. Eu até poderia me aprofundar e outros aspectos, mas isso tornaria o texto mais denso e extenso, algo que fiz em parte em um trabalho específico sobre tal período histórico, como pode ser consultado pelo link no final desta página.

Lista dos filmes da série:

  • Dr. No (1962) – Sean Connery
  • From Russia with Love (1963) – Sean Connery
  • Goldfinger (1964) – Sean Connery
  • Thunderball (1965) – Sean Connery
  • You Only Live Twice (1967) – Sean Connery
  • On Her Majesty’s Secret Service (1969) – George Lazenby
  • Diamonds Are Forever (1971) – Sean Connery
  • Live and Let Die (1973) – Roger Moore
  • The Man with The Golden Gun (1974) – Roger Moore
  • The Spy Who Loved Me (1977) – Roger Moore
  • Moonraker (1979) – Roger Moore
  • For Your Eyes Only (1981) – Roger Moore
  • Octopussy (1983) – Roger Moore
  • A View a to Kill (1985) – Roger Moore
  • The Living Daylights (1987) – Timothy Dalton
  • Licence to Kill (1989) – Timothy Dalton
  • GoldenEye (1995) – Pierce Brosnan
  • Tomorrow Never Dies (1997) – Pierce Brosnan
  • The World is Not Enough (1999) – Pierce Brosnan
  • Die Another Day (2002) – Pierce Brosnan
  • Casino Royale (2006) – Daniel Craig
  • Quantum os Solace (2008) – Daniel Craig
  • Skyfall (2012) – Daniel Craig
  • Spectre (2015) – Daniel Craig
Os seis atores que interpretaram o espião 007. De cima, da esquerda para direita: Sean Connery, George Lazenby e Roger Moore. De baixo, da esquerda para direita: Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig.
Os seis atores que interpretaram o espião 007. De cima, da esquerda para direita: Sean Connery, George Lazenby e Roger Moore. De baixo, da esquerda para direita: Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig.

NOTA: Em 1967 foi lançada uma paródia de Cassino Royale, tendo o mesmo título do livro. A paródia retrata um James Bond (David Niven) aposentado, celibatário, que não bebe, não fuma e gosta de jardinagem. Além disso, existe um novo 007, que é um tanto atrapalhado. Le Chiffre é o vilão no filme, assim como no livro, o mesmo trabalha para a SMERSH.

NOTA 2: Curiosamente David Niven foi a opção sugerida por Fleming para interpretar oficialmente o agente secreto, mas Connery foi quem acabou sendo o escolhido, por ter um porte parecido com do personagem, ser charmoso e por ter um cache menor.

NOTA 3: O personagem Felix Leiter, apareceu em dez filmes da série, sendo interpretado por oito atores.

NOTA 4: A personagem de Moneypenny foi interpretada por quatro atrizes nos filmes oficiais da série, e outras duas atrizes nos filmes não oficiais. A atriz Lois Maxwell é a mais lembrada neste papel, tendo protagonizado 14 filmes da série. A mesma foi indicada pelo próprio Fleming

NOTA 5: Dos 23 filmes da série, Moneypenny não aparece em apenas dois: Cassino Royale e Quantum of Solace.

NOTA 6: O personagem Q foi interpretado por três atores em filmes oficiais, e por outros dois atores em filmes não oficiais. No entanto, foi o ator Desmond Llewelyn que marcou o personagem, tendo o interpretado de 1963 a 1999.

NOTA 7: O personagem General Gogol, criação dos filmes, aparece em seis filmes. Sendo o primeiro, O Espião que Me Amava e o último Marcado para a Morte.

NOTA 8: O personagem Ernst Stavro Blofeld foi interpretado por sete atores, sendo que três atuaram de corpo completo, pois os outros só mostraram parte do corpo ou emprestaram a sua voz.

NOTA 9: A atriz Eunice Gayson foi a única bond girl aparecer em dois filmes. Ela interpretou a personagem Sylvia Trench, no primeiro e segundo filme da série.

NOTA 10: A atriz sueca Maud Adams foi a única atriz a interpretar duas bond girls diferente. A personagem Andrea Anders em 007 contra o Homem da Pistola de Ouro e Octopussy no filme homônimo.

NOTA 11: No filme 007 – Operação Skyfall é revelado o nome dos pais de James: Andrew Bond e Monique Delacroix Bond. No entanto, em alguns dos livros não escritos por Fleming, existem menções a outros familiares de James.

NOTA 12: James Bond teve um filho chamado James Suzuki Bond. O menino é mencionado no romance Só se Vive Duas Vezes, e foi fruto do caso de Bond com Kissy Suzuki. No entanto, no filme não há menção a este filho.

NOTA 13: Embora o Aston Martin seja um ícone relacionado aos filmes do espião, curiosamente apenas em poucos filmes aparece Bond dirigindo um Aston Martin. Além disso, no livro Cassino Royale, Bond dirige um Bentley.

NOTA 14: Além de Fleming outros escritores escreveram histórias sobre o personagem. Kingsley Amis o qual era amigo de Fleming escreveu apenas um livro, Colonel Sun (1968), embora tenha ajudado seu amigo nos livros que escrevera, lhe dando sugestões e ideias. John Pearson escreveu uma autobiografia do personagem nos anos 70. John Edmund Gardner escreveu 14 livros entre 1981 a 1996. Raymond Benson escreveu seis romances e três contos de 1997 a 2002. Sebastian Faulks publicou a Essência do Mal (Devil May Care) em 2008 e mais recentemente Jeffrey Deaver em 2011 publicou Carte Blanche.

NOTA 15: O filme 007 contra GoldenEye tivera o título inspirado na casa de Fleming na Jamaica, a qual ele a chamava por este nome. Embora que também foi o nome de uma operação que Fleming atuou durante a II Guerra Mundial. Por sua vez o filme 007 – Quantum of Solace, tem este título inspirado no conto homônimo, no entanto, a história do conto não foi adaptada.

NOTA 16: Fleming além de ter escrito os livros sobre 007, ele também escreveu outros dois livros: um livro infantil chamado Chitty-Chitty-Bang-Bang (1964) e dois livros de não-ficção, The Diamond Smugglers (1957) e Thrilling Cities (1963).

NOTA 17: O nome do personagem Auric Goldfinger foi inspirado no arquiteto húngaro Ernõ Goldfinger, o qual era vizinho de Fleming na Jamaica. Fleming acabou se desentendo com Goldfinger, então decidiu dar o seu sobrenome para o vilão de um de seus livros. Por sua vez, o personagem foi inspirado no magnata da mineração, Charles Engelhard Jr.

NOTA 18: Vários jogos baseados nos filmes, livros e até mesmo histórias originais, já foram lançados. O primeiro foi James Bond 007 de 1983. Contudo GoldenEye 007 para o Nintendo 64 de 1997, é o mais famoso e o que mais vendeu.

NOTA 19: Em nenhum dos filmes há menção a todos os agentes 00. Contudo em alguns filmes já apareceram os agentes 002, 003, 005, 006, 009 e o 008 foram mencionados. Em 007 contra GoldenEye, o vilão é Alec Trevylan/Janus (Sean Bean), o qual era o agente 006. Em Operação Skyfall há uma cena em que aparecem oito caixões, sugerindo que se tratassem dos outros agentes 00.

NOTA 20: O personagem M foi interpretado oficialmente por quatro atores: Bernard Lee de 1962 a 1979; Robert Brown de 1983 a 1989; Judi Dench de 1995 a 2012, e mais recentemente por Ralph Fiennes em 2012.

NOTA 21: Os filmes de Austin Powers são paródias dos filmes de 007. Os filmes de Johnny English também consistem em sátiras, mas neste caso ao personagem de James Bond especificamente.

Referências Bibliográficas:

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ROTHBERG, Abraham. Os herdeiros de Stalin: a dissidência e o regime soviético: 1953-1970. Rio de Janeiro, O Cruzeiro S. A, 1972. (Capitulo I: a teia política).

HOBSBAWM, Erich J. A Era dos Extremos: O breve século XX – 1914-1991. 2a ed, São Paulo, Companhia das Letras, 1997. (Capitulo 8: Guerra Fria).

THIAM, Iba Der; MULIRA, James; WONDJI, Christophe. A África e os países socialistas. História Geral da África – volume VIII: África desde 1935. 2 ed, Brasília, UNESCO, 2010. (Capitulo 27).

CAMARGO, Jayme. Ian Fleming, o último cavalheiro inglês. Revista da Cultura, edição 11, 2008, p. 12-14.

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