Hallelujah (Rufus Wainwright)

  Hilda Kaczynski Saraiva

A música toda é como uma composição, como um poema. Ela avalia o presente entrelaçado com o passado. Por apresentar uma reflexão, precisa que o indivíduo que a ouça esteja atento a sua estrutura; não ao que está escrito, mas ao que a escrita representa.

A melodia é suave, e a letra, levemente irônica e extremamente melancólica. Apesar do nome, não se trata de algo simplesmente religioso, a aleluia não é uma salvação divina,é a realidade.

O sentido afetivo não existe, não é um som que possa simplesmente ser comparado a vida de alguém. E a reflexão se deve ao pensar na solidão da letra. O amor idealizado não se apresenta aqui,mesmo que exista um Deus, Ele não nos salvará dessa teia emaranhada e complexa que é a vida; o ato de amar e ser amado, de sofrer nas mãos alheias e de chorar, implorando por algo que não está lá. Simples assim.

”Talvez aja um Deus lá em cima, e tudo que eu sempre aprendi sobre o amor foi com atirar em alguém que te desarmou”. O Senhor Divino representa a compaixão,a salvação, a misericórdia. Se Ele existir, terei aprendido seus ensinamentos, mas não os terei vivido da forma esperada, pois tudo que me mostraram foi como salvar quem eu amo, e isso não parece ser o suficiente.

Uma história está sendo contada,o narrador é ao mesmo tempo personagem e observador. Ele observa a vida de alguém e conta o passado de ambos para essa pessoa. É como uma carta, que tenta passar seus sentimentos através de fatos ocorridos.

A aleluia é fria e sofrida porque só se apresentou nos momentos de desespero. Não é algo dito para agradecer a Deus,é um chamado mudo de nada concreto, e essa é a questão principal. O que é esse Aleluia? Isso depende do que cada um acredita ser sua própria salvação.

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